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10/09/2017

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: Inovações

No ano de 1968, quando eu estava servindo o Tiro de Guerra, tinha como colega de farda um rapaz de nome Chacon, que trabalhava no Fórum local. Fazia apenas dois anos que estávamos utilizando o campo do Curtume e treinávamos quase todo dia e o Chacon cismou de treinar conosco. Era um bom rapaz, mas não entendia nada de futebol, porém, foi bem aceito pela turma. O único problema era que treinava descalço e isso o incomodava, porque ficava sempre com os pés escalavados. Tentou treinar de tênis, mas também não deu certo, porque escorregava muito e ele ficava observando os demais jogadores treinarem de chuteira e a firmeza e segurança que os cravos proporcionavam. Eu não entendi ao certo se ele desconhecia o que era uma chuteira ou não quis comprar uma, mas o que aconteceu foi que ele foi ao sapateiro e fez sua encomenda. No dia seguinte ele apareceu no campo todo orgulhoso de sua “chuteira”, que não era nada mais nada menos que um par de sapatos de passeio novo e no qual ele mandara pregar cravos. As chuteiras daquela época eram bem diferentes das atuais, que tem os cravos moldados junto com a sola. As antigas tinham os cravos pregados e quando algum quebrava ou desgastava, eram trocados. O que chocou era que o sapato era novo e não era todo mundo lá no time que tinha condições de possuir um calçado pelo menos parecido com aquele. O calçado do dia-a-dia era botina ou sapatão de serviço, chinelo alpargatas ou os famosos tênis kichut e ked’s. Era muito comum, não só entre os jogadores do Fátima, mas de um modo geral, que quando alguém ia ao cinema ou ao jardim, de pedir um sapato emprestado a um irmão que não ia sair de casa ou então, raramente, podia acontecer de um ou outro colega ter um par de sapato encostado e ele o cedia. Por isso, todos ficaram admirados de ver um sapato tão bom ser “judiado” daquela maneira. Pena que o Chacon pouco usufruiu da sua inovação, pois um dia desconfiou que a prática do futebol não era para ele, então parou de frequentar os treinos. Outro colega que também fez um razoável sucesso ou pelo menos chamou a atenção, foi o nosso jogador Dema. Ele gostava de futebol, mas era mesmo fissurado em farda e pretendia um dia se tornar militar. Antes de completar a idade de alistamento, ele comprou uma farda do Tiro de Guerra de seu primo Teteu a usava quando íamos acampar. Como eu disse antes, eu estava servindo o Tiro de Guerra e para contentar o Dema, eu e outro colega, o Capoti, também íamos de farda, cometendo uma gravíssima infração. Levávamos uma sonata que funcionava com seis pilhas grandes e só tínhamos um único disco, um LP do cantor Roberto Carlos. Na manhã de domingo lá vínhamos nós de volta para casa com as pilhas fracas, ou melhor, extenuadas e o Roberto Carlos até zonzo de tanta ficar girando, já que o aparelho tinha ficado ligado boa parte da noite. Naquela época eu trabalhava na seção de pintura do Curtume Leão e o Dema fez um pedido que eu logo atendi, que era pintar suas chuteiras na cor vermelha. Era uma coisa inusitada, pois ninguém “ousaria” usar uma chuteira que não fosse preta, mas, ele começou a usar com naturalidade. Muitos anos depois o jogador Casagrande, que era do Corinthians, começou a usar chuteiras vermelhas e o jogador Viola também quis “aparecer” e entrava em campo com uma chuteira de cada cor. Hoje praticamente não existe chuteira só com a cor preta, mas naqueles tempos era a única cor existente. Casagrande e Viola foram admirados pela inovação, só que o verdadeiro inovador foi o Dema. Pena que na década dos anos 60 a televisão era artigo de luxo e poucas residências a possuíam e o futebol não tinha o destaque que tem hoje, então, nosso colega só pode ser admirado pela nossa turma e pelos jogadores e torcedores adversários nas dezenas de campos em que jogamos, ao contrário daqueles dois profissionais que foram vistos e imitados por milhões de telespectadores. Quando chegou a idade, o Dema se alistou para prestar o serviço militar no Estado de Mato Grosso e poucas vezes visitou sua cidade natal.

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