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07/11/2021

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: A segunda lagoa

A segunda lagoa situa-se na estrada para o Colégio Agrícola e provavelmente é uma lagoa proveniente da extração de argila para a fabricação de tijolos. Já foi muito grande em anos passados e proporcionou muita alegria para centenas de pessoas que frequentavam o local, uns pescando, nadando ou apenas se banhando. A cana-de-açúcar ainda estava longe da cidade, mas do outro lado da lagoa tinha um pequeno canavial e alguns rapazes se arriscavam a atravessá-la para buscar algumas canas, se utilizando de um tronco de madeira que servia de bóia salva-vida. Mas, nem todos tinham essa coragem, pois a distância era razoável. Felizmente, não houve nenhum caso de afogamento, pelo menos é o que eu sei. Essa lagoa ficava dentro da Fazenda Boa Vista, que pertencia a família Veronezi e ali havia a casa sede e uma colônia de casas para as dezenas de funcionários da fazenda, e um vasto pomar com grande variedade de frutas. Apenas uma pequena parte das terras ao lado da lagoa pertencia a outro proprietário e um dos integrantes da família tinha um barco que usava para passeio e pesca. Como toda fazenda da época, lá também havia um campo de futebol e nas tardes de domingo, sempre havia jogos com centenas de pessoas assistindo. Lá jogamos várias vezes e fizemos boas amizades, tais como o Pardinho, Tarcisinho, Buldogue, Valdomiro, Irmãos Meira e tantos outros. Ao lado do campo havia uma centenária figueira em cuja sombra funcionava um barzinho que animava a torcida antes, durante e depois dos jogos. No tronco dela foi improvisada uma prateleira e nos dias de torneio ali eram colocados os troféus e as taças para os vencedores, até que um dia, durante um torneio, uma bola chutada torta bateu nessa prateleira, derrubando e quebrando um troféu, e daí em diante, o lugar foi mudado. Uma das traves ficava perto da lagoa e não raro a bola caia dentro dela. Em época de muita chuva, a lagoa enchia e invadia uma parte do campo. Os frequentadores tinham livre acesso ao campo e a lagoa. Até que chegou um dia em que a fazenda foi vendida e o novo proprietário não quis nem saber de manter aquela situação e tudo mudou radicalmente. Todas as casas foram derrubadas e os moradores, acostumados à lida rural, tiveram que se adaptar na cidade. O pomar foi erradicado, sobrando apenas duas jabuticabeiras ao lado da estrada, mas como as pessoas que por ali passavam, paravam para colher as frutas, também foram cortadas. Havia uma mata de tamanho regular e quando íamos lá jogar ou nadar, ao invés de entrarmos pela entrada principal, gostávamos de utilizar uma trilha por entre as árvores. Também ela foi derrubada e o terreno virou pasto e grande parte hoje é canavial, O acesso à lagoa foi proibido e um funcionário a cavalo fazia a ronda expulsando quem ousasse entrar e apenas alguns mais corajosos insistiam em pescar e enfrentavam o funcionário, mas com o tempo a frequência foi diminuindo muito. Com a diminuição das chuvas na região, a lagoa foi encolhendo e suas margens ficaram lamacentas e nem se banhar foi mais possível. O tempo passa e o proprietário morreu e seus descendentes não se incomodaram mais em proibir o acesso à lagoa e os pescadores voltaram. Além de peixes, lá havia até jacaré e eu mesmo já vi um perto de mim, enquanto eu pescava. Com a atual crise hídrica, a lagoa, a exemplo de milhares Brasil afora, também sentiu o trauma e está irreconhecível, e ela, que era grande e tinha até uma vazante, hoje está bem diminuta e se levar em conta o desprezo que o ser-humano tem pelo meio-ambiente e as sinistras previsões de diminuição de chuvas no futuro, é bem provável que a conhecida segunda lagoa e suas co-irmãs não terão a beleza, utilidade e grandeza de outrora. Uma pena realmente. Na foto, o pessoal se banhando perto da margem e um barco ao fundo.

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