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06/08/2017

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: A 1ª lagoa

No tempo em que não passava pela cabeça de ninguém que um dia ia ser construída uma obra represando o rio Tietê e o Clube de Campo Lago Azul não passava de um vago projeto, nós já tínhamos muitos lugares para o lazer. O próprio rio Tietê possuía o conhecido Salto do Avanhandava, visitado por pessoas de todo o Brasil e também não menos famosa “mina”, que era bem frequentada aos domingos e feriados. Dois lugares bem frequentados eram a 1ª e 2ª lagoas. Na verdade, a 1ª lagoa é um açude bem antigo, um pouco antes da Fazenda Boa Vista, em um riacho conhecido como Córrego Seco. Hoje, com o plantio de cana em todo o seu trajeto e de eucaliptos perto de sua nascente, ele já está quase fazendo juz ao nome, mas, naqueles tempos, com muita mata em toda a redondeza, corria muita água em seu leito. Ao lado do açude havia uma casa de propriedade de sua moradora, a Dona Generosa (pelo menos era assim que a conhecíamos) cuja presença intimidava um pouco os frequentadores, mas, mesmo assim podia-se ver alguns pescadores e gente tomando banho na outra margem, pertencente a outro dono. Um dia a Dona Generosa resolveu mudar-se e levou tudo que era seu, desde as vacas, galinhas, patos e até a casa, que foi demolida e o material levado embora. Com a partida daquela senhora, o lugar foi “invadido” por centenas de pessoas, pois ali havia uma espécie de prainha, com uma água bem límpida e pura. A estrada ficava cheia de veículos estacionados, desde bicicletas, velhas motos importadas, carros e até ônibus. Famílias faziam piqueniques embaixo de algumas das várias árvores. A molecada jogava bola em um amplo gramado e quem não gostava de bola ia até a estrada se rolar na areia e depois voltava para se lavar no açude, atravessando a cerca utilizando um passadouro. Alguns banhistas atravessavam a nado de um lado a outro, mas, esta não era uma boa idéia, pois a partir do meio do açude havia uma parte cheia de algas, o que significava sério risco de afogamento. Acontecia também de algumas igrejas evangélicas promoverem ali seus batizados com os adeptos, fazendo uma fila indiana e quando chegava a sua vez, cada um era mergulhado na água pelo pastor. Das dezenas de patos da Dona Generosa, um deles, mais teimoso, não quis ir embora e sua recusa em partir decretou sua sentença de morte, pois uma certa tarde alguns colegas nossos chegaram a conclusão que aquele pato daria um bom assado. Munidos de estilingues e com os bornais cheios de bolinhas de barro branco e secadas ao sol fizeram uma verdadeira cilada ao pato encurralando-o em uma moita de taboa. Mas não foi fácil caçá-lo. Devido ao fato do pato ser bem esquivo e a pontaria do pessoal não ser lá essas coisas, o arsenal de bolinhas ia diminuindo e era bem possível que a “munição” acabasse e a ave escapasse, mas para infelicidade dela alguém conseguiu acertá-la. Ela não morreu, mas ficou bem nocauteada, propiciando que fosse capturada e levada à margem oposa da antiga dona. Foi decidido que a melhor maneira de abatê-la era cortar sua cabeça e para que isso fosse realizado, seu pescoço foi colocado sobre um pedaço de tijolo. A faca usada tinha um corte algo duvidoso e o pescoço e o pescoço duro do pato velho dificultava as coisas. Por fim, a cabeça foi separada do corpo e mesmo assim ao ser solta a ave saiu em desabalada carreira. Havia chovido na noite anterior e tinha uma grande poça de água ao lado e por incrível que pareça o pato ainda conseguiu jogar água e barro na turma. Após a morte do pato subimos o riacho e demos uma grande volta contornando um matagal e chegamos a 2ª lagoa. Pela estrada a distância era curta, mas, por onde fomos o trajeto foi bem maior. Na beira da lagoa depenamos e limpamos o pato que foi cortado em pequenos pedaços e assados em espetos de madeira. Imagine comer uma carne mal assada e borrachuda originária de um pato velho e ainda sem sal ou qualquer tempero, só que deixou boas lembranças, pois os amigos eram unidos e dispostos a uma aventura. O novo proprietário da 1ª lagoa não gostava de ver gente atravessando a cerca para pescar ou tomar banho, mas, o pessoal não dava lá muita atenção às broncas que ele dava. Com o tempo, a frequência foi dia-a-dia diminuindo, mesmo porque o Lago Azul tornou-se uma realidade com centenas de associados e oferecendo um lugar maior e melhor para os banhistas. Depois foi construída uma hidrelétrica no rio Tietê, formando uma grande represa e o surgimento de centenas de prainhas, construções de condomínios de ranchos de veraneio e dezenas de atrativos, tais como a ponte da Better, e então a 1ª lagoa deixou de ser uma opção, mas, não foi esquecida e quem dela usufruiu, por certo sente saudades.

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