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06/05/2018

CANTINHO DA SAUDADE

Imagens/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: Transformações no campo – parte I

Nas minhas andanças pela região, tanto com a equipe do Fátima Futebol Clube ou então com vários colegas de bicicleta ou caminhadas a pé, conheci inúmeras fazendas, sítios e olarias. Umas grandes e outras nem tanto, mas de uma maneira geral, eram muito parecidas umas com as outras, só que em alguns casos, o local era tão populoso que levava o nome de bairro e existia até aquela típica vendinha permanente que abastecia os moradores em alguns itens de maior necessidade e onde a peãozada se reunia a tarde após a lida diária no roçado. Havia a venda do Centro Rural, do Matão, do Inácio, da Caximba, do Galinari e duas no Córrego dos Pintos. Em algumas regiões a terra pertencia a vários donos, cujas propriedades não eram tão grandes, mas quase todos os moradores residiam perto uns dos outros. Já nas grandes propriedades existia a famosa e saudosa colônia para os funcionários. A casa sede era maior e era onde morava o dono ou o gerente e ao lado tinha as fileiras de casas menores, mas confortáveis, separadas uma das outras por uma cerca viva ou então por pés de chuchu e o sempre presente melão de São Caetano.  No quintal de cada uma delas havia uma horta e um pequeno jardim. Num cantinho sempre havia vários pés de plantas medicinais, sendo que as mais básicas eram o alecrim, erva doce, arruda, boldo, erva cidreira ou capim cidrão, boldo, mastruz, etc ...Também nunca faltava pés de laranja, limão, manga, abacate e outras frutas. Havia um terreirão para secar café e uma “tuia” para guardar a produção agrícola, as máquinas e implementos e os adubos e nos dias festivos também servia para a realização de bailes forró. Como não podia faltar, também havia a igrejinha ou capela dedicada a um santo ou santa. A cultura principal era o café com milhares de pés produzindo e dentro dessa plantação haviam muitos mamoeiros, bananeiras, pimenteira e pés de maxixe e melancia nascidas de sementes trazidas pelo vento ou por pássaros. Plantava-se também muito milho, arroz e algodão. Uma parte da terra era arrendada para uma olaria, que por sua vez também tinha sua colônia de casas com várias famílias. Com a retirada do barro formaram-se várias bacias com água e como o local era brejo, ali começava um riacho que corria por uma densa mata ciliar que se estendia por vários quilômetros, pois as propriedades vizinhas também tinham suas reservas ambientais. Todo fim de dia era possível ver várias pessoas pescando lambaris, carás e traíras, tanto por lazer como para garantir a mistura. Como se sabe, as famílias rurais eram muito numerosas, com vários filhos e então somando os moradores da fazenda, da olaria e mais alguns da redondeza, era muita gente. Foi feito um campo de futebol que ficava apinhado de torcedores aos domingos em que o jogo era realizado. Também apareciam pessoas da cidade, parentes ou conhecidos dos locais. Uma barraca ao lado do campo servia de boteco e tinha até um “puxadinho” onde rolava um animado jogo de truco. Tinha gente que grudava a barriga no balcão do boteco ou se entretinha no jogo de cartas que nem olhava para o campo. O povo era muito apegado ao local e tirava da terra quase todo o necessário para o seu sustento e vinha comprar na cidade só aquilo que não tinha na vendinha ou então dos locais onde não havia nenhuma. Um artigo que era preciso ser comprado na cidade era pano ou tecido para a confecção de roupas. Por motivo de economia ou para não causar ciumeira entre os filhos, os pais compravam vários metros de tecido da mesma cor e estampa e era até engraçado de se ver quando a família toda vinha à cidade. O pai vinha na frente dando baforadas no cigarrão de palha e a mãe vinha atrás, pois raramente andavam lado a lado. Ela só não pisava no mesmo lugar que o marido pisara porque seus passos eram menores. Logo atrás vinha a carreirinha de filhos no estilo “escadinha”, pois a diferença de idade entre eles era de pouco mais de um ano, quando muito. E todos usando roupas, seja calça, camisa ou vestido do mesmo estilo e cor. Até as visitas ao médico não eram tão comuns, apenas nos casos mais graves ou para tomar as raras vacinas existentes a época ou tomar remédio contra amarelão e lombriga. No dia-a-dia as doenças ou o mal estar eram tratados com as ervas lá mesmo do sítio e com a ajuda espiritual das benzedeiras. Em época de eleição a população vinha em peso para a cidade. Para esses deslocamentos era muito utilizado o caminhão do leiteiro e nos bairros mais populosos existia uma linha regular de jardineira (ônibus). Tinha gente que em tom de gozação dizia que o motivo do pessoal do sítio vir à cidade era para chupar picolé e comprar querosene para a lamparina, pois em alguns locais não havia o fornecimento de energia elétrica. 

Continua nos próximos artigos.

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