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03/03/2019

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

Memórias do Carboni: Água enferrujada

Em todas as quatro viagens que fiz de bicicleta até a cidade de Aparecida do Norte, a primeira pousada sempre foi no município de Cafelândia. As duas primeiras foram na própria cidade e as duas últimas foram em postos de combustíveis na redondeza. Na segunda viagem, em 1977, quando chegamos na citada cidade, já estava escurecendo, pois era o mês de julho e os dias ainda era curtos. Encontramos um rio de porte do nosso Maria Chica e paramos em uma ponte, considerando que ali seria um bom lugar para passarmos a noite. Assim que começamos a armar a barraca apareceu um senhor de meia idade que se aproximou e puxou conversa, dizendo que também gostava de pedalar e que se tivesse tempo disponível, com certeza iria conosco na viagem. Assegurou que ali era um lugar confiável e até nos levou a uma mina d´água que jorrava por um cano de ferro, ali perto de onde estávamos. Tomamos um banho “meia sola” e colocamos camisa e calça comprida “levemente” amassados que estavam nas mochilas. Em vez de fazermos o jantar, comemos o lanche que tínhamos levado. Colocamos toda nossa bagagem dentro da barraca, amontoamos as bicicletas do lado de fora e pegando apenas nossos documentos, fomos para a praça principal da cidade, pois era domingo e naqueles tempos o lazer principal dos moradores interioranos era freqüentar as praças. Logo o pessoal de lá notou que éramos de fora, pois em cidades pequenas todo mundo se conhece. Ao ficarem sabendo do motivo de estarmos ali, que iríamos embora no dia seguinte e que não éramos rivais ou concorrentes para disputar a atenção de alguma moça, nos trataram bem. Após perguntarem discretamente se não tínhamos “alguma coisa” para fumar e receberem resposta negativa, se dispersaram. A praça começou esvaziar e achamos que era hora também de irmos embora. Quando chegamos na barraca tudo estava do jeito que deixamos. A beira do rio, a noite foi bem fria e a barraca de plástico preto “suava” e pingos gelados, tipo goteiras, constantemente caíam sobre nós. Ao amanhecer da segunda-feira, já com a bagagem arrumada, pusemo-nos a caminho seguindo a via férrea em direção a Pirajuí. Eu já escrevi em outros artigos e não custa repetir, que quando a ferrovia era estatal, havia várias turmas de trabalhadores que mantinham as marginais da ferrovia em ótimas condições, possibilitando o tráfego de bicicletas praticamente em toda sua extensão. E foi uma destas turmas que encontramos há poucos quilômetros da cidade de Pirajuí. Ao saberem de nossas intenções, os homens disseram que um pouco mais a frente havia a entrada de um cafezal e sugeriram que era mais vantajoso entrarmos nessa fazenda para encurtar o caminho. Não havia perigo de sermos barrados, pois aquele caminho no cafezal era de uso geral. Seguimos o conselho e confesso que a princípio nos arrependemos. O caminho era um areal com algumas subidas e tivemos de fazer o trajeto a pé, pois era impossível pedalar. A noite passada a beira do rio foi gélida, mas ali naquela hora o sol estava abrasador, a estrada era péssima e a hora do almoço se aproximava. Chegamos a última colina e foi com alívio que vimos a cidade logo a frente. Paramos em uma casa, sem nenhum tipo de muro ou cerca, e pedimos a uma moradora para tomarmos água em uma torneira que vimos ali. Ela respondeu que a água da torneira era enferrujada e que traria água boa para nós. Logo saiu uma meninota e nos entregou uma jarra de vidro e dois copos. Para nós foi uma decepção, pois quando olhamos a jarra notamos que a água contida nela estava enferrujada e imprópria para beber. Olhamos para os lados e não vendo ninguém, jogamos a água fora, batemos palmas para chamar alguém e devolvemos a jarra, os copos, e agradecemos. Há uns 20 metros da casa havia um córrego que tinha de ser cruzado a vau (sem ponte). A água era límpida e fria, pois vinha de dentro de uma mata. Foi ali que saciamos a sede bebendo como os animais, sem usar as mãos. Nosso companheiro Bijú, conhecia um senhor de nome Abdias, que tinha um barracão lá em Pirajuí e que por certo nos daria permissão para usá-lo e fazer o almoço. Ele não estava em casa, mas a sua esposa consentiu e foi neste barracão que fizemos o almoço. Um cano de ferro galvanizado tinha sido enfiado em uma mina dentro do barracão e jorrava dia e noite uma água limpa e fresquinha. Almoçamos e depois de um bom descanso partimos novamente. 

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