24/10/2025

DOCES RECORDAÇÕES

Embora muitas pessoas não concordem comigo ao mencionar tanto o passado, já houve quem me chamasse de saudosista, porém não há como falar sem mencionarmos o passado. Para quem teve a oportunidade de viver nas décadas de 1940/50, que é meu caso, não tem como não dizer da época que morávamos em Penápolis, mas precisamente no Bairro do Araponga, onde tínhamos uma pequena propriedade onde a principal cultura era o cafezal. Recordo-me que no mês de agosto que era a época do cafezal florir, para quem passava pelo carreador, tinha o privilégio de ver a lavoura que dias anteriores eram verdejantes, se transformar em um lençol branco onde o perfume que se exalava das flores ficou cravado em meus pensamentos. Isso sem falar do cultivo de melancia que havia entre as carreiras do cafezal. Recordo-me que no ano de 1951, meu saudoso Nono tinha uma grande horta onde cultivava plantio de tomateiro. Eu me lembro que mesmo não utilizando fertilizantes nem agrotóxicos, os frutos eram doces e saborosos, diferentemente dos dias atuais que para manter qualquer planta, se faz necessário fertilizante e agrotóxico, caso contrário não há como colher absolutamente nada. Lembro também que o pequeno riacho que passava pelo sítio, a água era pura e cristalina onde nas tardes de calor eu  ia para tomar um banho de cachoeira e ainda aproveitava para pescar lambaris. Embora a ciência nos trouxe muitos benefícios, confesso que se eu pudesse fazer a escolha entre o ontem e o hoje, eu juro que iria preferir mil vezes o ontem, só lamento que aqueles velhos e bons tempos nunca mais voltarão.

Virgílio Melhado Passoni, aposentado. Jandaia do Sul/PR, por e-mail. Outubro de 2025