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CARTA DO LEITOR

30/07/2025

Crônica: os dentes

No sábado, o dente latejou algumas vezes. No domingo, precisei tomar analgésico. Na segunda-feira, o rosto já estava inchado. Com tratamento, está quase tudo resolvido. Era mais um traiçoeiro canal, daqueles que aparecem quando estamos viajamos para outra cidade e acaba com a festa. Há muitas histórias nos dentes. 
Imagina quantos morreram no processo de evolução das espécies por problemas dentários. Na natureza, perder os dentes pode significar a morte. Cleópatra, Buda e Barão do Rio Branco sofreram muito mais que nós, simples comuns, com dores de dente. A Imperatriz francesa Josefine, esposa de Napoleão Bonaparte, tinha a boca cheia de dentes podres, e não havia muito o que fazer, a não ser arrancá-los. Lampião, com toda sua brabeza, nada podia contra seu dente dolorido. Dor de dente? Arranca. Era preciso encontrar um tiradentes. Sem anestesia, analgésicos pouco eficientes, pobres e ricos sofriam com e sem seus dentes. 
Temos uma cultura popular desdentada. A cárie dental chegou ao Brasil nas caravelas com os portugueses. Os indígenas desconheciam a cárie, esta deve ser uma das características do paraíso. Como uma praga, indígenas e africanos morreram aos montes pelos dentes. Jovens morrendo de tétano, hemorragia e outras infecções ao arrancarem vários dentes de uma só vez. Na festa junina, dentes são pintados para representar as lacunas na boca do caipira.  
Santa Apolônia, perseguida pelos romanos, teve todos seus dentes quebrados e se tornou padroeira dos dentistas. Pode ser pelo sofrimento causado que persiste a expressão agressiva e violenta de dizer que vai quebrar os dentes de uma inimizade odiada. No filme Náufrago, uma das cenas mais angustiantes é quando o dente do personagem é arruinado. A língua sempre converge para o dente que dói. 
Na Europa, com o açúcar das colônias americanas chegando, ampliaram-se as receitas de doces e era status mostrar os dentes estragados, evidenciando que faziam parte de uma elite rica e comedora de açúcar.
Como em quase tudo, dente e dinheiro estão sempre juntos. No século XXI, pagando bem, qualquer um pode sorrir bem. Ostentando dentes cerrados, alinhados, da mesma cor, padronizados, sem falhas nem brechas, como soldados enfileirados, alguns chegam a ficar estranhos e viram piada. Outros casos são curiosos, como Freddie Mercury, que acreditava que se alinhasse os dentes poderia perder a qualidade da voz. Recentemente, um ganhador de centenas de milhões em jogo da loteria, morreu meses depois ao fazer um tratamento dentário; da fortuna à tragédia foi pouco tempo. 
Mesmo que não seja acessível e rápido para todos os brasileiros tratar dos dentes – e não é barato em nenhum lugar do mundo –, ainda assim, as coisas melhoraram bastante. O sistema público, com todos os problemas que você pode enumerar, oferece tratamento dentário e medicamentos para o povo brasileiro.
Temos muitos problemas no presente, no entanto, encontramos algumas soluções. Olhamos para o passado com nostalgia pelo que não vivemos, mas eu não gostaria de viver em nenhuma outra época, fosse lá quem pudesse ser, se estivesse com dor de dente. Ninguém pode ser feliz com o dente doendo. Meu dente ainda exige muitos cuidados. E você, está cuidando bem dos seus dentes?

Luiz Antonio Albertti, Penápolis/SP, por e-mail

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