04/07/2025

POEMA: MARIA CHICA

Olhando o seu leito, 
Enquanto, passas, lentamente, 
Imagino, que enquanto vais, em busca 
Do Lajeado
Vais, levando folhas, galhos, flores, lembranças, saudades.

As vezes, as flores dos ipês, o cobrem 
Com pétalas, rosas, amarelas 
Derramadas do alto das árvores, 
Que o rodeiam, 
Enquanto vais, motos, carros, pessoas, 
Passam indiferentes a você.
Passam por ali rápidos, com pressa 
Nem o olham, ou observam 
Que caminhas, entre as suas valas. 
Em busca do Lajeado. 

Maria Chica, rio que atravessa Penapolis. 
Nome de uma mulher guerreira, 
Que aqui morou em tempos idos. 
Rio, que leva em seu leito, 
Muitas histórias, muitos sonhos, 
vividos por outras pessoas, 
Que já se foram, que já não são.

Doadores de terras, fundadores 
Pessoas que doaram a vida pela cidade, 
Que criaram seus filhos, 
Que dão nome as ruas da cidade 
E, que deixaram inúmeros descendentes, 
E, que hoje, já não mais aqui estão. 

Quando aqui morou Maria Chica, 
Índios atacavam os desbravadores, 
E, ela fugiu da morte como se foge da cruz!
Penapolis crescia e, na época, 
o Rio corria livre, leve, solto, 
Com suas águas agitadas 
E, as vezes calmas.

O tempo se encarregou de turvar 
Datas e fatos sobre essa mulher pioneira 
Cujo nome está eternizado em Penapolis 
Como TERRAS DE MARIA CHICA.

E, você Rio Maria Chica, 
Lentamente, atravessa a cidade, 
Levando consigo as memórias do tempo. 
Borboletas, revoam sobre você, 
Pássaros cantam nos ipês floridos 
Que margeiam o seu leito, e, você segue o seu rumo, calmo em busca... do Lajeado. 

E, nos idos tempo vias índios e homens, 
Em luta pela sobrevivência. 
Nas suas águas limpas, 
as mulheres, 
Lavavam suas roupas, 
Quando a cidade nasceu. 
Entre elas, a mulher corajosa 
Que lhe dá o nome: 
MARIA CHICA.

Sei que um dia, na confluência das ruas 
Amazonas e Rui Barbosa já foste rio largo, 
Onde o menino Zé Marchi quase se afogou 
Depois de uma chuvarada. 

A molecada da época brincava 
Uns nadavam, outros boiavam 
Sob suas cálidas e mansas águas. 

O progresso chegou 
Veio com ele a ideia de represá-lo
E, hoje você vaga em busca do Lajeado 
Para se livrar da prisão. 
Rio Maria Chica, 
Por onde passam milhares de pessoas, 
Ninguém o olha... só eu o vejo... 
Lá vai você sozinho se livrar dos seus grilhões! 

por Dra. Alda Maria Francisco Alves em 03/05/2023 - Penápolis/SP