26/02/2021

Ensaio sobre a água

Beber da tua fonte
Sem marejar no reflexo do abismo
Também não prometo fazer por onde
Bambeio tentando não me afogar no teu machismo

Corpos e cores se tocam espalmados partem
São desejos castrados boiando na superfície
A maré molha, a mente resiste mas os braços permitem
Orquestrados pelos cochichos muitos de tantos diz-que-me-disse

Há de haver num outro plano um lugar desse amor em plena-existência
Numa dança instintiva mas provida de toda a sapiência
Há de haver nesse mundo um lugar de serenidade
Onde a entropia é alta mas não se criam limites ou dependências

Há de haver nessa vida um cais tranquilo
Em que por decreto e lei se perdoe e esqueça todo vacilo
Há de haver nesse momento secreto uma honestidade
Que assuma que nem o fogo: viver é navegar cego a beira do Nilo

por Ana Luiza Bastos Lira, estudante, Penápolis/SP, por e-mail