03/03/2019

O Rio de Janeiro e o mar revolto

Como era lindo o Rio de Janeiro! Ao anoitecer, ouvia-se, por toda cidade, sons instrumentais, ensaios das escolas de samba. No céu, as estrelas aguardavam o rei sol esconder-se por detrás das montanhas, para cintilarem todo esplendor de uma noite estrelada. O mar na dúvida: luminosidade solar por mais alguns instantes ou o encantamento do céu estrelado? Os turistas encantados com tanta beleza. Que maravilha!
Hoje o Rio de Janeiro está completamente mudado: o mar, então, um remanso sereno, inconformado com os acontecimentos recentes, revoltou-se, passou a invadir violentamente as praias; quase não se vê belas cariocas ostentando, esculturalmente, seus atributos e elegância. Turistas afugentaram-se, raramente são vistos. Cancioneiros noturnos e seus violões nas noites enluaradas, também, sumiram das orlas. A falta de segurança, aliás, por todo país, lamentavelmente é um tormento.
Lá pelas bandas da vereança, uma destemida vereadora, pedra nos sapatos de alguns políticos, também vereadores; feroz contestadora das falcatruas existentes, festejada pela população ribeirinha na defesa de seus moradores, foi assassinada. O assassino, ou é desconhecido, ou não querem denunciar. Suspeita-se de milícias, mas, por ora, apenas especulações.
Muitos políticos graúdos mudaram do Rio de Janeiro para Brasília, onde agora governarão o país e decidirão sobre o destino do Brasil. Os milicianos pegaram carona e também aterrissaram lá.
O Cristo Redentor, de braços abertos, todo acabrunhado, pensa: "Que poderei eu fazer por este país?".

Natal Passafaro, diretor de escola aposentado, Penápolis/SP, por e-mail