17/02/2019

Armas de fogo? Por que? Para o quê?

Causou-me asco ver pela TV o Senhor Jair Bolsonaro todo sorridente e aplaudido pelos seus centuriões durante sessão na qual o centurião mor assinava o decreto liberando armas de fogo para Deus e para o Diabo. Cumpriu-se compromisso de sua campanha eleitoral. Finalmente ele pode massagear seu ego: população brasileira armada.
Capitão reformado do exército brasileiro por várias décadas, deputado federal por quase trinta anos, mas nunca foi usada sua arma num confronto ou num combate verdadeiro, mesmo contra seu “inimigo mortal”, o P.T. Dá para ficar furioso, concordo. Por tudo isso é compreensível toda a apologia, toda a obsessão por arma de fogo sentida pelo nosso presidente. Contudo, meu caro presidente Senhor Bolsonaro, o senhor acha que uma arma na mão será suficiente para segurança de uma família ou de uma propriedade?
Minha discordância pelo decreto é real: há sessenta e três anos, em meu local de trabalho de então, presenciei um duplo assassinato, evitável, não fosse a liberação por compra e venda de armas. Motivo do crime: desavenças trabalhistas entre o agora criminoso e uma das vítimas. Atormentado, desesperado pela demora na solução do imbróglio, aquele homem, cordato, trabalhador, pai de família com cinco filhos, encorajado pelo álcool, cometeu um crime hediondo, angustiando para sempre três famílias, em especial a sua própria.
Pergunto ao ilustre presidente: quantas famílias ficarão desamparadas, vítimas que advirão com crimes até banais por culpa desse insensato, mal fadado decreto?
Polícia bem estruturada e bem equipada saberá cuidar de nossa segurança. Também, apenas um cachorro pitbull será uma ótima solução para ser guardião de nossos quintais. Então, por que e para o quê armas de fogo?

Natal Passafaro, Diretor de escola aposentado, Penápolis/SP, por e-mail