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CARTA DO LEITOR

21/10/2018

TRIBUTO AO DOUTOR ENGENHEIRO
Uma estória real de um grande profissional

O ano de 1953, precisamente no dia 18 de julho , vi o meu  pai com um litro de vermouth e um  cálice  distribuindo  aos  seus  fregueses  e  amigos , mostrando  uma satisfação impar, comentando  de  que  mais  um “saco roxo”, rotulando  que  mais um bebê do sexo mascu-lino, o sexto de sua prole acabara de nascer . Na pia batismal e no registro de   nascimento levaria para   sempre  o  nome  de  DIRCEU.  Talvez  o pai , de fartos  conhecimentos   da   historia   do  Brasil,   não  hesitou  em  homenagear  Tomás   António Gonzaga , um poeta     português árcades, jurista e ativista  político  e que foi  um   dos envolvidos no movimento da  Inconfidência   Mineira  , e  que  escrevia  suas   poesias líricas , para sua amada Maria Doroteia Joaquina Seixas e usava os pseudônimo ele Dirceu e ela Marília. Menciono estes dados e fazendo uma certa comparação porque Dirceu também era um idealista, talvez um sonhador  ou  até mesmo um inovador , gostava das rodas de amigos,  pois, era amante  da  musica popular brasileira, carismático por excelência, fazia de tudo em arrebanhar amigos, até mesmo para apreciar seus dotes culinários, onde tinha prazer de cozinhar,  satisfazendo o seu ego deixando  pessoas   felizes,  gostava  de  brincar  com  as  pessoas  divertindo  de     erros corriqueiros, fazendo piadas e soltando seu riso debochado . Para um menino nascido de uma família humilde, o que sempre  o  caracterizava   era  a  sua  dedicação ao trabalho, não medindo esforços em estar à frente de  seus comandados, para que os serviços saíssem   a  contento. Desde a sua meninice as   adversidades   se apresentavam  como  obstáculos  a  serem cumpridos com  denodo,  sem   medo    de enfrentá-las, assumindo para si toda carga sem reclamar de nada. Quando a nossa  mãe foi afastada  do  lar  por  problemas de  saúde, havia sido infectada pelo bacilo de kock , para aliviar a carga do meu pai e da nossa     irmã que era a mais velha  que assumiu o   lugar  da  mãe, Dirceu  foi  morar  com  uma  tia  que lecionava na zona rural e com quem aprendeu os primeiros ensinamentos de alfabetização. Foi um menino muito esperto  e  logo  começou  a  aparecer nos campinhos de terra  batida da  periferia  como  um  promissor  jogador  de  futebol  que   lhe valeu o apelido de Pagão, devido a semelhança   de um centro avante de muita habilidade, por alcunha de Pagão, que o  São  Paulo F.C. havia  adquirido  do  Santos  de  Pelé, uma   vez que o time  que   jogava chamava-se  São Paulinho  e  todos  os  meninos  se  autodenominaram   com o  nome   dos jogadores  do  time  principal  do tricolor paulista. Já na puberdade foi  jogador   do   Clube   Atlético Penapolense sendo campeão paulista pela segunda divisão, jogando com  Claércio, Macuco,  Delmo,  Jesus,  Alvinho e  outros  que  compunham  o time, marcando  vários    e decisivos gols ou  servido   com   assistências   de   rara inteligência aos seus companheiros.
Talvez no melhor momento de sua infância perdeu o pai , que era o companheiro seu e    de seus   irmãos   Délcio   e   Laerte  nas  pescarias    no Ribeirão Lajeado ou no Açude   Santa Leonor,deixando-os à  mercê  dê  mais  uma  frustração.
Na  escola  sempre despontou  como um  ótimo aluno, conta-se uma real passagem de    sua exímia criatividade, uma prova de português com Toninho Braga um professor  de    muitos conhecimentos na matéria, portanto exigente na sua conduta profissional.    Dirceu    estava com dor de dente , mal que ocorreu por muitas vezes em nossa família , em  virtude da vida precária  em que vivíamos, a prova  de   português era uma    redação para   falar sobre uma partida de futebol , Dirceu pediu dispensa , mas  o  professor  não deu, na ânsia  da dor e  constrangido pela não dispensa, entregou  a  prova  escrevendo “que em virtude de um forte temporal,que alagou o campo, a partida fora adiada  para   uma    outra oportunidade”,  entregou a prova e foi agraciado com a nota máxima   pela  criatividade.
Após o término do colegial, fez cursinhos em São Paulo e foi aprovado no vestibular    no curso   de   engenharia  civil  pela  UFMG, na  cidade Passos MG. Para custear a sua vida, fazia o curso noturno e trabalhava durante o  dia  na empresa  Adubos Trevo, chegando  a ser  representante da mesma  na cidade de Araxá -MG. Com a vida apertada nas  finanças fazia o trajeto para ver a família de Passos a Penápolis e vice versa de carona.
Querendo exercer as suas atividades de engenheiro,voltou a  Penápolis , trabalhando    em algumas   empresas   sendo  responsável  por  várias  obras  de estradas, pontes etc. sendo considerado pelos profissionais do ramo como o “rei do concreto”.
Depois como funcionário em órgãos da Prefeitura Municipal de Penápolis. sendo investido no cargo de  Secretário  de  Obras  no  governo   de Alidino Valter Bonini desempenhando com muita eficácia  e  segundo  vários  munícipes o  elogiavam  como  um  dos   melhores secretários     de  obra  que  Penápolis  já  teve, motivo  pelo  qual,  na   impossibilidade de reeleição  de  Bonini, sem um candidato à altura,foi  escolhido  para  disputar  o  Cargo  de  Prefeito Municipal , pelo partido PMDB (partido desgastado  pelas péssimas e  dúbias   administrações do seu presidente Orestes Quércia) em uma coligação com o PT,  que infelizmente a sociedade penapolense no  seus redutos  religiosos  não aceitou  bem, já que  a  filosofia  petista  sempre  teve  rejeição aos dogmas cristãos, e disputando   com  lideranças políticas de altos conceitos moral e financeiro tendo à frente como     adversário cidadãos de  idoneidade inquestionável como Benone Soares/Fermino Sampaio, Dirceu do Valle lutou com extrema galhardia esta disputa sem muitas  condições    financeiras    para tanto  acreditou em  “promessas do  partido  de   que o auxiliaria financeiramente   na campanha e não foram cumpridas pelos lideres deste partido, abandonando-o à mercê  da  sorte, e  das  adversidades  que  existem  nos  meios  da  política  brasileira, a   sua   campanha  foi  feita  com  poucos  recursos  doados por empresas penapolenses e que  não foram suficientes para conseguir  atender as  despesas  que   um candidato a um posto para o   Executivo   municipal  tem   que    ter para convencer o eleitorado sempre ávido de tirar proveitos deste situação, com isto foi obrigado a dispor de bens particulares   para  cumprir compromissos financeiros  assumidos em campanha o deixando em situação muito   difícil.
Perdendo   a     eleição, foi trabalhar em outras empresas do ramo de pavimentação fora  de Penapolis, como     em Brasilândia e  Tres Lagoas no Mato Grosso do Sul , depois foi  para Campinas nas   empresas   do     grupo Votorantim , mais tarde nesta  mesma  empresa  em Niquelândia GO.e depois  no Rio de  Janeiro, que de certa forma  o  afastou   um  tanto   do convívio  de  seu  lar, pois, para  não  sacrificar  a  família  esta  ficou   morando   por aqui,  enquanto  foi ganhar o sustento da mesma , costumava dizer “Preciso desdobrar para não faltar o alpiste para os meus passarinhos”.
Em   2012   mais   um duro golpe em sua vida, perdendo a esposa em um acidente  automo-bilístico , deixando-o mais vulnerável aos desígnio da vida. Porém, como ele  mesmo  dizia “vara boa enverga mais não quebra”.
Infelizmente  a sua obstinação em assumir todas as  dificuldades  engolindo  sem  reclamar trouxeram infortúnios  para  sua  própria  existência,  até  mesmo  aceitando  um  parco    e medíocre  atendimento pelo SUS na Santa Casa de Penapolis, sem  ao   menos   exigir  uma diferenciação de atendimento pelo   cargo     que ocupava, pois foi internado   com    edema pulmonar, ficando dois dias sem a extração deste liquido um  descaso que  hoje existe    em nosso país, onde animais domésticos são melhores tratados do que seres humanos terminou seus dias   na madrugada de 10 p.passado  no  hospital de base de Promissão para o qual foi transferido por influência de vereadores amigos, e do Dr. Nílson   Moreira  que  não que  se desdobraram juntamente com o corpo médico da U.T.I daquele   hospital    para    a      sua recuperação não conseguindo evitar o seu falecimento. Acredito que ele baseando no velho chavão “É no balanço da carroça que as abóboras se ajeitam” deixou  o nosso convívio para quem sabe com a sua competência ajeitar as estradas para o infinito para que os mais íntimos e fieis amigos  não  tenham  dificuldades em  transitar, quando forem  para a   eternidade   e   chegar   ao   Paraíso,  justificando  seus  atos  altruísticos  que  sempre  o dignificaram.
Com todo amor fraterno esteja em paz meu irmãozinho.

José Maria do Valle, Penápolis/SP, por e-mail

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