15/07/2017

Tradição apenas tradição

O crepitar da fogueira, fogos espocando, o santo rosário e a ladainha recitados. Desfraldo no topo do mastro, o santo parece estar orgulhoso das homenagens recebidas. A tradição fora cumprida
Guloseimas própria para a ocasião, pipoca, amendoim, quentão, doces e outros quitutes fartamente distribuídos. Crianças correndo de um lado para o outro soltando buscapé e a indumentária usada dando um tom folclórico ao festejo. Ao som um improvisado conjunto musical casais dançando um animado forró. O vaivém desafinado da música e o mexe-mexe desengonçado dos dançarinos não impedem uma contagiante animação, porém, é na hora do amassa mamão, quando as luzes, por instantes se apagam e, no troca-troca de casais que a brincadeira fica delirante. Todos, em uma só voz gritam: “viva Santo Antonio”. Tradição apenas tradição. É a noite de Santo Antonio. 
Ao redor da fogueira, casais fazendo juras de amor eterno. A crença que Santo Antonio é o santo casamenteiro ou que sua ajuda é fator decisivo na busca de nossa outra metade é mais uma tradição do povo brasileiro. Essa tradição não é privilégio dos brasileiros. Em cada canto do mundo “por determinação celestial” um santo é escalado e fica de plantão para a nobre tarefa de proteção dos namorados, missão desempenhada com providencial eficiência, pois não tem registro de qualquer  queixa contra eles. Em regiões da França, o santo escalado São Valentim. Tradição, lá também, apenas tradição. 

Natal Passafaro, diretor de escola aposentado, Penápolis/SP, por e-mail