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ARTIGOS
20/09/2025
O físico e o metafísico (tese e antítese) - parte 1 de 2

O filósofo, Ludwig Feuerbach, em A Essência do Cristianismo, defende, em síntese, que Deus é uma projeção humana de perfeição. Com tal afirmação, esse pensador propôs o inverso do que prega a religião judaico-cristã, ou seja, que o homem foi quem criou Deus (e Jesus, o Cristo, por consequência), à sua imagem e semelhança. O Deus misericordioso, bondoso e justo, assim, para Feuerbach, seria a projeção do que o ser humano gostaria de ser: justo, bom etc. Para Sigmund Freud, considerado o “pai” da psicanálise, em várias de suas obras, Deus é uma fantasia infantil do homem que necessita de um “segundo pai” como proteção e do mito de imortalidade. Nietzsche, no seu ensaio (livro) O Anticristo, questiona todas as religiões, em especial, o cristianismo, contestando a legitimidade de “intermediários” (padres, bispos etc.) ao Divino, afirmando, outrossim, que o único verdadeiro cristão foi Jesus Cristo. O teólogo e psicanalista, Caio Fábio, numa entrevista, afirmou (Nietzsche também o fez na obra sobredita) que a religião é, por si, um fator desencadeador de “anti-saúde” mental, porque, segundo ele, ela se baseia no controle, na culpa e no medo, que contraria a liberdade, o livre arbítrio, a lucidez e o autoconhecimento. Com base nessas premissas (chamarei de teses) desses pensadores, pergunta-se: Deus foi quem criou o homem, ou o contrário? O metafísico seria um mito, mera fantasia humana? Ouso tecer algumas considerações sobre tais apontamentos teológicos, filosóficos e religiosos, como antítese. A ciência hodierna afirma que o universo é infinito, logo, a questão em discussão (físico e metafísico) não se restringe ao ser humano num pequeno planeta nominado de “Terra”. O homem é um ser insignificante, se comparado à grandeza e infinitude do universo. Para o filósofo Espinoza, Deus é e está no todo; ele é (ou seria) a própria natureza (Panteísmo). Sob essa perspectiva, Deus também seria infinito e criador de tudo o que se conhece, bem como daquilo que ainda não se sabe (a ignorância humana é superior ao conhecimento). A proposta de um dos pensadores referidos (Feuerbach), no sentido de que Deus seria uma “projeção” do desejo humano, salvo melhor juízo, não se sustenta, quando se percebe a infinitude do universo e a sua harmonia entre os astros e galáxias. Como se explicar num plano macro, a perfeição e a sintonia do universo? O que o homem contribuiu para isso? Como se explicar num plano micro, a perfeição do funcionamento do organismo humano? Como explicar, ainda, a possibilidade da existência de vida neste planeta? Para a vida na terra, segundo a ciência, precisam estar em harmonia mais de cem fatores concomitantes, dentre eles, água líquida potável, temperatura adequada, atmosfera protetora, campo magnético, 21 % de oxigênio, fonte de energia etc. Tassos Lycurgo, filósofo e professor, explica numa entrevista que a existência da vida na terra não pode ser obra acaso: são 122 constantes antrópicas. Diz ele que o planeta terra existir por acaso, é matematicamente impossível, segundo o Princípio de Borel (matemático). E ele continua: a causa (origem da vida) é não-espacial, imaterial, atemporal, sobrenatural, poderosa e inteligente, pois organizou tudo isso. Insisto: como existir a vida, então, com tal complexidade e harmonia, sem um ser inteligente criador? Sob a ótica da física quântica (ciência), somos extensões do universo e estamos todos interligados atomicamente (tudo e todos somos constituídos por átomos). A conexão atômica de tudo, segundo alguns cientistas, pode ser denominada de “Deus”, a “energia consciente universal”. Albert Einstein chamava a isso de “ordem inteligente”. Logo, a afirmação freudiana de que o metafísico consiste numa fantasia humana revelar-se-ia, em princípio, com o devido respeito, simplista, se comparada com essa realidade universal e da forma como a vida é possível na terra. Sobre religiões e crenças, parece-me equívoco atribuir a elas “culpa” pelo medo humano, pelo não-pensar etc. Penso que cabe a cada um acreditar ou não em Deus; exercer seu livre-arbítrio; ter a sua vida e a sua liberdade...
(Continua no próximo sábado)
(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br
Adelmo Pinho (*)
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