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ARTIGOS

30/08/2025

A inconsciência dos bons

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

Nesta época tão conturbada da humanidade, preocupa sobremaneira, não só o silêncio dos bons (Luther King), mas a falta de consciência de muitos deles. “Bons”, são pessoas bem-intencionadas, que querem o bem do semelhante e aspiram por uma sociedade melhor, por um mundo mais justo. “Maus”, consiste exatamente no oposto. Não se trata aqui de discutir a corrente de pensamento maniqueísta, sobre o “bem” ou o “mal”, mas de reflexionar sobre o homem e a sua consciência (ou não-consciência) quanto às coisas da vida que o impactam. Não se cuida aqui, também, de discutir a ética pela ética, ou a moral pela moral. Sobre isso, sugiro que leiam Aristóteles e Kant. Existem pessoas que se apegam a líderes (políticos, religiosos etc.), como se estes fossem a encarnação do Cristo, ou “donos da verdade”. Comumente os fiéis seguidores com tal perfil são ignorantes sobre o assunto e, muitas vezes, sobre a história de quem cegamente seguem. Nas redes sociais, não é diferente. Basta um pseudo “influenciador” verbalizar palavras bonitas, ou vender ideias mirabolantes, para ter milhares de seguidores. O pano de fundo disso, parece, é a ignorância sobre o tema – seja qual for - e a carência humana em querer acreditar em algo, ou em alguém que lidere. Freud já explicou: o ser humano precisa de um “segundo pai”, seja terreno ou no divino. Percebe-se, nesse contexto, uma sociedade navegando como uma nau sem rumo, numa escuridão que assusta. A violência está banalizada; guerras em várias partes do mundo; o crime organizado só cresce e o Estado não se inova. Portanto, não há evolução, como já afirmou Michel Foucault. A violência contra a mulher só aumenta, porque o machismo está arraigado no âmago do ser humano, independentemente de sexo ou gênero (mulher também pode ser machista), fruto de uma cultura de menosprezo à mulher, desde que o mundo é mundo. Livros sagrados, como a Bíblia, a Torá e o Corão trazem parte dessa cultura. A felicidade humana está em grande parte no desejo de “ter”; satisfeito o desejo, muda-se seu objeto, voltando-se ao tédio do “não ter”. E assim caminha a humanidade... O que preocupa, voltando ao tema, é o acreditar cego em pessoas que defendem, a exemplo, a democracia (Hitler o fazia), ou outras bandeiras e lemas universais, quando elas agem de forma contrária ao que pregam. O problema é que o discernimento do “bom” (o do “mal” nem merece discussão), mas ignorante, não está voltado para aquilo que efetivamente acontece, mas, sim, para o que lhe é dito ou “vendido”. É uma espécie de “boa-fé cega”. Diz a lenda que existem três tipos de pessoas: as que entendem os fatos por si; as que entendem por auxílio ou esclarecimento de alguém, ou de algo; e as que não entendem, nem de uma maneira, ou de outra. Esta última categoria de pessoas, por óbvio, está mais sujeita às manipulações. Esse é o busílis. Não é normal numa sociedade civilizada aceitar-se o calar da voz e da opinião do cidadão.  Não é normal se concordar com discursos no sentido de que a leitura e a escrita são desimportantes; que a ciência não é confiável; que a arte seja algo inútil, ou lirismo de alguém desocupado ou sonhador. Não é normal não desconfiar de alguém que diz ser (e ter) a solução para todos os problemas, sem, no entanto, explicar como fazê-lo (como, desenvolver a economia, dar acesso digno à saúde, à educação etc.). Enfim, por tudo isso, fiquemos atentos! Preferível se morrer em estado de loucura como Nietzsche - um ser pensante, do que viver num mar de ignorância e de passividade doentia, à espera de um “salvador”! Heróis não existem, a exceção dos da mitologia. Temos Macunaíma ... Talvez a solução para a degradação humana e para essa normose (por Pierre Weil) seja o renascimento do homem no inseto de Kafka (em Metamorfose), através do processo de seleção natural (Teoria da Seleção Natural) de Darwin. Quem sabe, assim, o humano ressurja com menos defeitos e mais consciente.

(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br

Adelmo Pinho (*)



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