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ARTIGOS
28/06/2025
Miscelâneas desconexas

Num dia desses, um morador de rua, com dinheiro à mostra, tentou entrar num restaurante para comprar comida, porém foi barrado pelo segurança do local. O produto do estabelecimento estava à venda – a comida -; ele tinha dinheiro para a aquisição, mas a sua situação marginal - segundo a pirâmide social tupiniquim -, o tornou indigno e inferior aos demais clientes. Estivesse ele de terno e gravata, tudo seria diferente. Prevaleceu o velho, mas sempre atual, preconceito.
Mostrou um canal de Tv de viés religioso, um pastor gritando aos fiéis, que: “Cada um teria lugar determinado no espaço da igreja, em conformidade com o montante da doação a ela”; inclusive, determinou o pseudo líder religioso, que quem não prestasse o dízimo, deveria se retirar da igreja. Dessa vez, não só o céu foi loteado, mas, também, o espaço físico do templo.
Numa rodovia de grande fluxo trafegavam veículos automotores, uns correndo mais, outros menos, inclusive presenciou-se um racha – competição não autorizada - entre dois infratores, um na condução de um Porsche, e outro de uma BMW, como se ambos estivessem num autódromo. Na mesma, rodovia, do outro lado, no sentido oposto, seguia um andarilho que empurrava seu carrinho de mão, com caixas, panelas e roupas, à margem da via (acostamento), de forma regular e ordeira. De um lado, pois, a emulação, irresponsabilidade, ostentação e arrogância; do outro, a “vida como ela é”.
Sob um viaduto, à noite, via-se um morador de rua com uma tocha de fogo acesa, a esquentar-se do frio que dominava a madrugada; ao seu lado, próximo ao seu corpo, estava um cão, que era afagado por ele sob uma coberta suja e rasgada. A amizade se mostra real e verdadeira nos momentos difíceis, em que alguém te acolhe e escolhe, para ficar ao seu lado.
Numa avenida provida de bons restaurantes, final de semana, à noite, passou um “morador de rua” pela vidraça de um deles, com muitos clientes em seu interior. Da calçada, aquela pessoa não via o interior do restaurante, mas os clientes a viam; e pelos seus semblantes, com certo asco. O “morador de rua” viu a sua imagem refletida na vidraça e passou a sorrir, com os poucos dentes que lhe restavam, enquanto alguns clientes faziam chacotas da alegria do transeunte desdentado. A alegria é um estado de espírito e pode ser vivenciada em situações simples, como o olhar de uma imagem de si refletida. Já a arrogância é sempre cega.
No espaço da guerra, milhares de pessoas reunidas aguardavam enquanto os helicópteros socorristas desciam alimentos, roupas e remédios. Porém, o que era esperança, tornou-se o caos, quando drones manejados pelo governo inimigo soltaram bombas, as quais mataram e feriram pessoas, destruindo doações e minando a esperança de sobrevivência, que já era pouca. Depois, na Tv, o governo, autor da carnificina e barbárie, a “justificou” como um ato de represália. Contudo, represália a quem? Mesmo diante do episódio de desumanidade e desamor, as pessoas enxugaram as lágrimas e botaram-se de pé, com a resiliência que só os sobreviventes possuem.
Numa exposição de livros, em um dia de festa num espaço cultural, um menino descalço e solitário abriu aleatoriamente uma obra poética que estava sobre a banca; em seguida, ele a devolveu. Uma escritora sensível e de olhar acurado, percebendo a situação, conversou com ele sobre a importância da leitura, prometendo doar-lhe o exemplar, desde que efetivamente o lesse. O garoto disse que iria pensar, e foi-se, sem o livro. Minutos depois, voltou o menino, aceitando a doação e a proposta literária da escritora. Atitudes como essa fazem a diferença, transformando pessoas e, por consequência, o mundo.
(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br
Adelmo Pinho (*)
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