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ARTIGOS

03/05/2025

A importância da leitura

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

O PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - de 2022 avaliou o conhecimento e habilidades dos estudantes da faixa etária de 15 anos no mundo. As médias brasileiras de 2022 foram praticamente as mesmas de 2018 em matemática, leitura e ciências. Desde 2009 os resultados são parecidos nessas disciplinas. Focando-se na leitura, tema deste artigo, o Brasil teve o desempenho médio de 410 pontos, estatisticamente inferior à média do Chile (448) e Uruguai (430). Segundo o PISA, não há diferença significativa entre a média brasileira, da Colômbia (409) e do Peru (408). Apenas 2% dos brasileiros atingiram alto desempenho em leitura (nível 5 na classificação). Matéria do G1 de 19/11/2024, sobre a 6ª edição do levantamento “Retratos da Leitura no Brasil”, aponta que a leitura de livros está em queda progressiva. 53 % dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa. Uma outra matéria jornalística da Câmara Brasileira do Livro – CBL -, de 22 de novembro de 2024, mostra pesquisa apontando que Mais da metade dos brasileiros não lê livros. Um levantamento do Instituto Pró-Livro aponta que o brasileiro lê em média 1,3 livro por ano e existem no Brasil 77 milhões de não leitores. Na Finlândia, por outro lado, “gosto pelos livros vem do berço”, conforme matéria do Jornal O Estado de S. Paulo, de 19 de abril de 2025. O programa finlandês é baseado em pesquisas que mostram os benefícios que a leitura alta traz para as crianças. Conforme a matéria, desde 2019 todos os bebês nascidos no país recebem um book bag – bolsa de livros, com obras infantis e materiais informativos direcionados aos pais. Num estudo baseado nesse programa, famílias que receberam a bolsa-livros passaram a ler com mais frequência para os filhos. Essa é uma política pública, dentre muitas outras, que pode ser adotada no Brasil. O questionamento é simples: existe vontade política para a sua implementação? Cediço que um bom leitor tornar-se-á um bom escritor. Uma coisa puxa a outra. A escrita, disse Mia Couto, é uma maneira de olhar o mundo. A leitura aprofundada, por sua vez, é um pressuposto para a boa escrita e abre a mente para a cosmovisão, afastando-nos da linha da mediocridade. A leitura sobre qualquer área da atividade humana leva-nos ao saber (conhecimento), permitindo diferenciar, a exemplo, uma narrativa de uma verdade. O professor Antônio Cândido, no texto, O Direito à Literatura, ensina muito sobre o tema, não de forma específica e direta, acerca da leitura, mas sobre a literatura, em si, e indiretamente sobre aquela (leitura). Ele aponta que: “a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão de mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e, portanto, nos humaniza”. Ensinou o singular professor nesse ensaio que é necessária a igualitarização do hábito de leitura e difusão das obras. Ele cita no texto que na Itália, a Divina comédia, de Dante Alighieri, é conhecida em todos os níveis sociais. Cândido transmitiu, com isso, que não pode haver distinção entre cultura popular e cultura erudita, o que serviria somente para justificar uma separação iníqua. Pergunto: por que o cidadão comum (não intelectual), não pode apreciar e entender peças (obras) de Shakespeare? Ou, por que não, ler e entender, Crime e Castigo, ou O Sonho de Um Homem Ridículo, de Dostoiévski? Ou, entender O Processo, ou A Metamorfose, de Kafka? Ou, Os Miseráveis, de Victor Hugo? Ou, A República, de Platão? Ou, Ética a Nicômaco, de Aristóteles? Ou, 1984, ou A Revolução dos Bichos, de George Orwell? Ou, Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marques? Ou, Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago? Ou, O Príncipe, de Maquiavel? Ou, O Mundo como Vontade e Representação, de Schopenhauer? Ou, Assim Falou Zaratustra, de Nietzsche? Ou, Memórias Póstumas de Brás Cubas, ou o Alienista, de Machado de Assis? Ou Dom Quixote, de Miguel de Cervantes? Ou, Antígona e Édipo Rei, de Sófocles? Ou, Fernando Pessoa e seus heterônimos? Ou poemas de Camões e de Clarice Lispector? Ou, Confissões, de Santo Agostinho ... Se a educação brasileira for aperfeiçoada desde a sua base – ensino fundamental e médio, isso será possível. Claro, assim, que a leitura precisa ser difundida e socializada. A exclusão cultural, preconceituosa e elitista, deve ser rompida e a barreira (vontade) política, também. Aqui faço uma reflexão crítica: se parte do tempo utilizado pelas sessões das casas legislativas no Brasil (pagas pelo povo), ou mesmo pela grande mídia, fosse destinado para fomentar a educação, a cultura, a literatura, a leitura e a escrita, ao invés de focar, em regra, em reeleição de governantes (não que não seja importante), o Brasil estaria bem melhor classificado em várias áreas do conhecimento. Enfim, ler estimula o raciocínio; aumenta a capacidade de compreensão e imaginação; melhora o vocabulário; desenvolve o pensamento crítico; aumenta a concentração; aprimora a escrita e a verbalização. Evidente, portanto, que a boa leitura alarga a nossa visão de mundo e do nosso “eu”, tornando-nos menos ignorantes e escravizados, a par de socializar, politizar e humanizar. “Quem não lê, aos 70 anos terá vivido só uma vida. Quem lê, 5 mil anos. A leitura é a imortalidade antecipada” (Umberto Eco). 

 

(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br

Adelmo Pinho (*)



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