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ARTIGOS

16/10/2024

O recado das urnas é para todos

As eleições municipais em Penápolis trazem uma mensagem clara: a política local não pode ser conduzida com slogans vazios ou importados de pretensos debates nacionais. O bordão "Deus, Pátria e Família", que ressoou em disputas maiores, não encontrou eco entre os eleitores penapolenses. A razão é simples: as ações precisam ser coerentes com o discurso. O eleitorado de Penápolis, mais do que slogans, valoriza o equilíbrio e a seriedade na política, como ficou evidente na composição da nova Câmara de Vereadores, a despeito de práticas reprováveis ainda utilizadas por diversos candidatos.
Alguns candidatos derrotados tentam justificar seus fracassos alegando que as urnas deram um "recado". Isso é verdade, mas o recado não é exclusivo para quem ganhou o pleito; ele também atinge os perdedores. A polarização é uma característica constante das eleições locais, com margens apertadas decidindo o pleito em várias ocasiões, como nas históricas eleições de 1982 e 1992. No entanto, embora a polarização faça parte do processo democrático, o "jogo baixo", com mentiras, desrespeito e abuso econômico, não deve ser tolerado. Esse comportamento enfraquece a democracia.
É preciso reconhecer que não houve inocentes na disputa de 2024. Ataques e manobras sujas vieram de todos os lados. Todos, tanto pela ação quanto pela omissão, têm sua parcela de responsabilidade. Diminuir o adversário e desacreditar o oponente é uma prática comum, mas muito perigosa. Esse caminho pode alienar os eleitores, aumentar as abstenções e os votos nulos, o que enfraquece ainda mais o sistema democrático. Ninguém sai ileso desse tiroteio eleitoral, muitas feridas ficam nas memórias e nas almas das pessoas. 
O recado das urnas não pode ser ignorado por ninguém: nem pelo prefeito reeleito Caíque Rossi, nem pelos candidatos e partidos que não alcançaram a vitória. Vereadores eleitos, não eleitos, líderes empresariais, religiosos e os meios de comunicação, todos precisam ouvir essa mensagem das urnas.  A imparcialidade, senso de coletividade, a ética e o respeito aos resultados eleitorais são pilares inegociáveis da democracia.
É hora de refletir com humildade e sabedoria sobre os próximos passos. Afinal, fora da democracia e da ética, não há salvação.

(*) João Luís dos Santos, é supervisor de ensino, professor e advogado. Foi Vereador (2001 a 2004) e Prefeito de Penápolis (2005 a 2012)

João Luís dos Santos (*)



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