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ARTIGOS

16/02/2024

Carnaval e o Brasil em preto, pardo e branco. Tudo é festa!

Quando eu era jovem, participei de vários eventos carnavalescos. Cantei em muitos bailes com orquestras e bandas, dentre elas, Supras som, Zaratruska, do Toninho de Lins, Valdir e seu Conjunto, Orquestra do Nelson de Tupã, do maestro Nelson de Castro. Tive o prazer de cantar em bailes carnavalescos nos Clubes Corinthians e Penapolense, junto aos meus amigos músicos, dentre eles o Pio Rodrigues, Sidnei Pedroso (Sete), Elpidio Ribeiro, Elmo Bertolini, Juca do Correio e Egrimar.
Após me mudar para a cidade de Jundiaí, próximo a São Paulo,  eu e minha saudosa esposa Jane passamos a curtir carnavais em São Paulo, Rio de Janeiro, ao participar da Escola de Samba 28 de Setembro, em Jundiaí. Esta contava em torno de 800 figurantes, várias alas, alegorias de chão e carros alegóricos, adereços, e uma bateria com aproximadamente 200 percursionistas. 
Foi convivendo nesse meio de escolas de samba que fiquei fascinado pela beleza da união entre seres humanos pretos, pardos e brancos, formando uma comunidade onde não prevalecia a amizade baseada no poder econômico de cada um, mas a consciência da não aceitação do racismo e do preconceito racial, que discriminam pessoas. Diante de qualquer problema de saúde ou financeiro de um de seus membros, toda comunidade se unia para ajudá-lo. 
Ao atuar como jurado de desfiles, escolhas de enredos e sambas-enredo, me enriqueci culturalmente, passando a conhecer a história e os sofrimentos do povo preto e pardo no Brasil, desde os primeiros momentos em que os nossos antepassados foram trazidos da África para serem escravizados, condição esta que, infelizmente, continua. 
O samba de enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, vencedor do Carnaval de 1988, retrata a nossa história no samba de enredo “100 anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão”, vencedor do Carnaval no ano do centenário da “abolição” da escravatura no Brasil. Numa das estrofes vemos a frase: “Livre do açoite da senzala, mas preso na miséria da favela”. Essa é a realidade da maioria do povo preto no Brasil. 
Assistindo ao desfile da Vai Vai, a minha escola querida em São Paulo, prestei bem atenção ao enredo: “”Capítulo 4, versículo 3 - Da rua e do povo, o hip-hop: um manifesto paulistano”, e ao samba-enredo. Todas as alegorias, carros alegóricos, alas mostraram e denunciaram esse sistema capitalista excludente, que trouxe e continua trazendo miséria para os pretos e pobres no Brasil. 
Sem conhecer a história do povo preto desde a sua origem, na África, até os quilombos, as senzalas, e as nossas condições sociais, econômicas e políticas a partir do momento em fomos trazidos para o Brasil, é impossível entender contra o que o grupo de compositores do samba-enredo da Vai-Vai protestou e denunciou no Sambódromo do Anhembi, localizado na cidade de São Paulo. 
Numa das estrofes, o samba diz: “...Não faço parte da elite que insiste em boicotar. Acharam que eu estava derrotado. Quem achou estava errado. A palavra é a bala pra salvar”. A letra do samba termina dizendo: “É preto no branco, no tom do meu canto. Preconceito nunca mais. Fogo na estrutura, justiça, igualdade e paz”. 
A profecia do compositor Wilson das Neves, descrita na letra do samba: “O Dia Em que o Morro Descer e Não For Carnaval”, poderá acontecer. Ouça a música e entenda a mensagem acessando: https://www. youtube.com/watch?v=mr0ZUETRnJk. O impressionante é que o povo pobre e preto   a maioria sofrendo os efeitos da crise econômica na sua qualidade de vida  , durante os quatro dias de folia samba, dança, brinca, sorri bastante, esquece tudo, e deixa para pensar depois que o Carnaval passar.

(*) Walter Miranda, graduado em Economia e Contabilidade; mestrado em Ciências Contábeis pela PUC/SP; pós-graduado em Gestão Pública pela UNESP/Araraquara. Militante da CSP CONLUTAS Central Sindical e Popular. Escreve semanalmente para o DIÁRIO.

Walter Miranda (*)



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