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04/06/2022
Honestidade versus corrupção
Diógenes, filósofo grego do século 4 a.C, costumava caminhar por Atenas com uma lanterna acesa nas mãos, mesmo durante o dia, à procura de um homem honesto. Ele foi reconhecido pela história da filosofia por sua falta de apego material e fidelidade a tudo que é simples e correto. A honestidade é uma característica assimilada e desenvolvida pelo indivíduo, principalmente durante a formação da personalidade, daí a importância da boa educação dos pais aos filhos. Se pais agem de forma correta, dando bons conselhos e exemplos aos filhos, isso contribuirá para que eles também o façam, formando-se um cidadão de bem. Assim, comumente, ainda que não necessariamente, repete-se o aprendizado da boa educação recebida, mas, infelizmente, o contrário também ocorre. Condutas errôneas de pais deseducam, como, por exemplo, estacionar automóvel em local proibido, incentivar o filho a colar na prova ou brigar na escola, “furar” fila ... Atitudes como essas podem levar a criança ou o adolescente a desenvolver desvio de caráter, achando que o errado é normal, porque aprendeu em casa ou é aceito socialmente. No Brasil, a cultura da vantagem ou do “jeitinho” estão presentes na sociedade, causando sérias consequências morais, educacionais, sociais e econômicas ao país. Temos um elevado índice de corrupção, que desvia dinheiro público de setores essenciais, como da saúde e da educação. Sua origem é fruto dessa cultura desvirtuada de que o ilícito é vantajoso e que o bem público pode ser usado ou desviado pelo agente público, como se fosse privado. A corrupção necessariamente envolve um agente público (corrupto, que recebe uma vantagem ilícita) e um corruptor (particular, que fornece a vantagem indevida ao corrupto). O Índice de Percepção de Corrupção (Corruption Perception Index) de 2021 em 180 países, classificou o Brasil na 96ª posição com relação à corrupção. Enquanto a Dinamarca possui a nota 88 com relação à percepção de integridade, a do Brasil é 38. Para o combate à corrupção são medidas essenciais a transparência nas contas dos entes públicos, a fiscalização pelos órgãos de controle e a punição exemplar de agentes corruptos. Investimento e política pública adequada na área de educação fazem a diferença nesse contexto. Enfim, manter-se honesto numa sociedade que ainda cultua o errado não é fácil, mas é necessário para que ocorra essa mudança conceitual deturpada e, por consequência, diminuirá a corrupção no país. A solução é que o justo e o honesto prevaleçam, devendo a conduta ética ser adotada sem relativização. Ser honesto não é um título para ser ostentado, é dever ou obrigação.
(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP.Escreve aos sábados para o DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br
Adelmo Pinho (*)
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