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04/05/2022
Os inaceitáveis preços dos combustíveis no Brasil
A PPI (Política de Paridade Internacional), aprovada no governo Temer e mantida pelo governo Bolsonaro, não pode de maneira alguma prosperar, sob pena do aprofundamento do caos social e econômico no Brasil. Durante o governo militar e sob o projeto do denominado milagre econômico implementado por Delfim Neto, houve a destruição das ferrovias, tão necessárias num país de extensão continental como o Brasil, em vez de sua manutenção e emprego em tecnologia voltada para a sua modernização, por meio de investimentos em educação e pesquisas científicas.
O mais importante seria ter investido em educação e pesquisa voltadas para o incentivo às produções de energias eólica, solar, biomassas e outras. Se isso tivesse acontecido, com certeza, não estaríamos na atual situação, sofrendo com esta política suicida de preços dos combustíveis derivados do petróleo.
Em Araraquara o preço do litro da gasolina comum chegou a R$ 7,39 o litro. O preço do etanol, cujos insumos, começando pela sua matéria-prima principal, a cana de açúcar, são produzidos no Brasil, aqui em Araraquara chegou ao preço absurdo de R$ 5,39 o litro. Não dá para entender isso vendo ao nosso lado só lavouras de cana.
Quando Bolsonaro assumiu o governo em janeiro de 2019, o preço do barril de petróleo era US$ 54,90 - a preço de hoje corresponderia a R$ 272,85. No último domingo, quando eu escrevia este artigo, o preço do barril era US$ 106,16 ou R$ 527,60. Portanto, um aumento de 93,4%, contra uma inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 20,78%.
Como se vê, no período de janeiro de 2019 a abril de 2022, houve um aumento do preço do barril de petróleo em 72,62% acima da inflação, refletindo no preço da gasolina que foi, em média, de 73,1%. No mesmo período os preços dos combustíveis, incluindo a gasolina, subiram 68 vezes. Não houve nenhum outro aumento tão expressivo em apenas três anos e quatro meses.
No mesmo período, de janeiro de 2019 a abril de 2022, o salário mínimo foi reajustado pelo governo Bolsonaro de R$ 998,00 para R$ 1.212,00, aumento de apenas 21,44%. Assim, é possível entender porque a população mais pobre, principalmente os 70% dos segurados aposentados e pensionistas do INSS, que ganham um salário mínimo, estão sofrendo com os absurdos dos preços das mercadorias nos supermercados.
Como afirmei no artigo publicado pelo DIÁRIO DE PENÁPOLIS no dia 20 de abril, esta política de preços dos combustíveis no Brasil não atende ao interesse dos consumidores, mas de uma minoria de investidores, especuladores financeiros no Brasil e no exterior, que compraram ações e querem que a Petrobrás tenha altas receitas operacionais e altos lucros para receberem bons dividendos, tudo pago pelos consumidores de combustíveis
O óleo diesel, importante nos transportes das mercadorias das fontes produtoras para os consumidores, não poderia estar na política do PPI, impactando direta e rapidamente nos índices da inflação, cruel para as camadas mais empobrecidas da população. Assim, sem poder comprar alimentos, os pobres estão se alimentando de carcaças de peixes, ossos de bovinos e até comida do lixo. As pessoas não podem serem influenciadas pela opinião de que o presidente da república não é o culpado, e que nada pode fazer para intervir nesta política suicida de preços dos combustíveis pela PPI.
Segundo o Dieese, com a descoberta do pré-sal, o país se tornou o 9º maior produtor mundial de petróleo. Possui uma das dez maiores reservas petrolíferas do mundo. O grande problema é que os governos nos últimos 20 anos, por meio da Petrobrás, não investiram em refinarias brasileiras, nos obrigando a enviar os petróleos brutos para refinadoras estrangeiras refinarem os combustíveis que consumimos. A Petrobrás, nessa política de preços, se comporta como se fosse totalmente dependente das importações do petróleo, o que não é verdade.
É inaceitável o governo Bolsonaro, orientado pelo ministro Paulo Guedes, continuar com esta política de paridade dos preços dos combustíveis ao preço do barril de petróleo no exterior. É inaceitável.
(*) Walter Miranda é presidente do Sindifisco-Nacional/Delegacia Sindical de Araraquara, direto do SINSPREV-Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Públicos de Saúde, Previdência e Assistência Social do Estado de São Paulo, e militante da CSP Conlutas – Central Sindical e Popular
Walter Miranda (*)
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