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ARTIGOS

14/11/2021

A seca vem a galope

Quase falei “vem a jato!”, mas o verbete “jato” ganhou conotações estranhas na recente História do Brasil. Uma história que, de tão surreal, parece ficção. Mas não é.
Mas o que eu queria partilhar com quem tiver a paciência de ler, é a notícia de que “o Brasil está secando e secando muito rápido”. Quem diz é o engenheiro florestal Cássio Bernardini, coordenador de projetos do WWF, o World Wide Fund for Nature no Brasil. Mais uma dessas valorosas e tão hostilizadas organizações não governamentais cujo intuito é reverter a fatídica tendência de perda da biodiversidade resultante do aquecimento global, que provoca dolorosas mutações climáticas.
Ele sabe o que diz, pois integra o projeto MapBiomas Águas, iniciativa de mapeamento da água superficial e de corpos hídricos no Brasil. Com base nos dados dos últimos trinta anos, constatou-se que a perda de superfícies de água foi de aproximadamente 15%, em ritmo que se acelerou a partir do final dos anos oitenta.
O que são águas superficiais? Todos temos noção do que a expressão significa. Assim se chama, genericamente, toda água que se consegue ver por uma imagem de satélite. Captada a foto da superfície brasileira, o conjunto é analisado pela inteligência artificial. A conclusão da ciência é muito melancólica. O Pantanal, que é um tesouro e que poderia salvar a economia do Brasil se o governo o respeitasse, perdeu 74% de sua superfície aquática, entre 1990 e 2020. Preste-se a devida atenção: a perda foi de três quartos da água disponível! Isso é aterrador! 
O Pantanal tem de mudar de nome. Já não é uma área alagada. E não está sozinho. A Amazônia, que aprendemos seria um imenso reservatório do mais precioso líquido, registrou expressiva e preocupante redução de 14% de sua superfície aquífera. A ciência ganhou o respaldo do testemunho dos ribeirinhos, que notam a diminuição da água e também o desaparecimento da fauna que dela dependia.
Tudo está vinculado ao desmatamento, que foi não só incentivado, mas ganhou reforço governamental, quando se falou em ‘soltar a boiada’, para acabar com a necessidade de licenciamento e se convidou a caterva a exterminar a mata nativa. Não precisou de dois convites. 
A seca será outra companhia permanente – e cruel – de quem sobreviver nos próximos anos. 

(*) José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022

José Renato Nalini (*)



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