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ARTIGOS

03/10/2021

Cuidados com a saúde mental dos idosos

Na semana em que comemoramos o dia do idoso ou da pessoa de melhor idade, aproveitamos para salientar os cuidados que devem ser aplicados em relação à saúde mental destes.
O equilíbrio emocional é fundamental para afastar qualquer tipo de pensamento ruim. Mas sabemos que para atingir esse equilíbrio uma série de fatores estão envolvidos.
A etapa da vida caracterizada como velhice é carregada de bonitas histórias, velhas lembranças e, em muitos casos, de sofrimento e tristeza também. Nas faixas etárias mais avançadas aumentam os relatos de transtornos depressivos e até suicídios.
O envelhecimento apresenta fatores muitos distintos que podem apontar causas que levam a esse desequilíbrio emocional, visto que não se pode afirmar que existe uma causa única para o sentimento de perda demonstrado pelo idoso, mas um complexo de valores associados que devem ser ponderados e reparados por todos e pela sociedade.
Estes sofrimentos psíquicos e o desejo de antecipar a vida podem ser motivados por diversas perdas específicas dentro de um processo de envelhecimento, como: perda da saúde, autonomia, produtividade, papéis sociais, perda de cônjuges, amigos, entre outras perdas pessoais.
Diante deste cenário, não raro encontrarmos idosos que sofrem de transtornos depressivos em diversos níveis de intensidade. A depressão é a desordem mais comum nesse segmento etário.
Tanto que, a vulnerabilidade deles está concentrada no isolamento social, no fato de não serem, muitas vezes, incluídos na sociabilidade de lazer da família, na falta de diálogo e de alguém para ouvi-los, no medo de se tornar um peso para os parentes, na dependência constante do outro e no alto número de medicamentos que precisam ser ingeridos todos os dias, tornando-os prisioneiros dos fármacos.
Fatores que geram um conflito interno e uma insegurança que alimentam a angústia associada a uma tristeza profunda. Uma verdadeira enxurrada de sintomas como: solidão, pouca disposição, pessimismo em relação ao futuro, irritações sem motivo, autoacusação, insatisfações, além de distúrbios do sono e do apetite que podem fomentar ideias suicidas.
A depressão ainda pode provocar fadiga persistente, mesmo sem esforço físico e demandar maior energia na realização de atividades simples e leves.
Não se sentir mais útil é um dos maiores fantasmas do envelhecimento. Mas existe uma falsa impressão impregnada por todos que prega que, o idoso se considera no fim da vida, porque passou pela adolescência, estabeleceu uma família, já enfrentou o pior da vida e agora não sente mais o mesmo ânimo do passado.
Eles, podem entrar na energia depressiva por não serem mais compreendidos e acolhidos pelas pessoas mais próximas. Muitos sentem a necessidade do diálogo, mas as conversas já não os comportam mais. Os assuntos em família ficam restritos a um núcleo em que esse idoso não se encaixa por estar “ultrapassado”.
Situações estas que, acabam por provocar um isolamento natural. Criam, portanto, a ilusão de que não são mais importantes em seu espaço de convivência. Incentivando a diminuição do prazer pela vida e a redução dos níveis de energia desse idoso.
Pesquisas apontam ainda que, o idoso depressivo sente como se seu mundo tivesse se estreitado, suas escolhas ficam menores, seus interesses e preferências menos disponíveis.
A ideação de inutilidade está associada à necessidade que a pessoa em terceira idade sinta em se isolar ou “definhar” para minimizar uma situação intolerável, acrescida de sentimentos de desesperança e de “não pertencimento”. 
A depressão é, frequentemente, acompanhada por somatizações e reclamações físicas, que podem agravar, em muitos casos, sintomas crônicos recorrentes.
Cada pessoa reage e interpreta o sofrimento, físico ou psíquico, que a atinge de um modo particular, não devemos fechar os olhos para ações simples feitas para proteger e garantir uma melhor qualidade de vida para nosso idoso em uma etapa da vida que já vem carregada de tantas privações.
Devemos estar atentos aos sinais, as pistas verbais ou comportamentais, que demonstram que algo está errado.
O isolamento recluso, a falta de interação, a irritabilidade, pessimismo exagerado, distúrbios do sono e do apetite, tristeza profunda, a falta de energia e motivação, são grandes sinalizadores de que o idoso pede socorro. Acolha e esteja mais próximo. Escute e se deixe levar pelo mundo lapidado pelo envelhecimento.
Procure promover ações de integração do idoso no núcleo familiar, demonstrando a ele sua importância e seu papel dentro deste contexto. Além disso, ao ajudá-lo a se sentir útil de alguma forma, uma chama de sobrevida está sendo acesa para auxiliar no processo de equilíbrio mental e psíquico deste indivíduo.
Se perceber a necessidade, não hesite em buscar ajuda e apoio de um profissional de saúde mental para que essas perdas sejam amenizadas através do autoconhecimento.
Portanto, o que precisa ser feito é diminuir a vulnerabilidade que uma pessoa desta faixa etária carrega em seu inconsciente. Uma fragilidade alimentada por inseguranças e conflitos internos tão cruéis, que são capazes de antecipar, de forma drástica e definitiva, a sua partida.
Assim como uma criança, um jovem e um adulto, o idoso também precisa se sentir vivo. Precisa, sobretudo, ter condições de expor seus medos, suas queixas, suas dúvidas, alegrias e tristezas.
Ao externar estas emoções, o sofrimento fica mais leve e a carga menos pesada. Não deixe para o dia seguinte, se você pode acolher, ouvir e ajudar uma pessoa em sofrimento. Muitas vezes, temos pessoas a nossa volta que estão sorrindo por fora, mas internamente, apresentam um psicológico abalado e fragilizado, e já não suportam mais a dor.
Depressão na velhice é coisa séria, não ignore os sinais. A melhor arma no combate a este mal é o apoio emocional. Acolha, demonstre apoio e tenha empatia.
Envelhecer está longe de ser um mar de calmaria, mas pode sim, ser um mar de ondas nostálgicas que tragam velhas lembranças e velhas histórias de uma vida inteira, recheada da individualidade e da marca pessoal desse idoso.
Acolher é a maior prova de amor e de reconhecimento por toda uma vida de contribuições e ensinamentos.

(*) Andréa Ladislau, doutora em psicanálise, psicopedagoga, palestrante, administradora, membro da Academia Fluminense de Letras, colunista do site UOL e de outros veículos importantes do país.

Andréa Ladislau (*)



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