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19/02/2021
A Psicologia e Trabalho Social/Comunitário
Embora, atualmente, a Psicologia seja reconhecida pelo conjunto da população como profissão, ainda é comum que se pense no psicólogo como um profissional que trabalha exclusivamente em clínicas, prestando atendimentos individualizados. Esta ideia não existe por acaso. De fato, esta era a característica predominante da Psicologia no Brasil.
Regulamentada pela Lei n° 4.119/62, inicialmente a profissão esteve comprometida principalmente, com as elites. Sendo impulsionada pelo processo de modernização do país, traduzida na abertura da economia para o capital estrangeiro e conseqüente chegada das empresas multinacionais, seu outro campo de atuação se deu através dos testes psicológicos, aplicados na seleção de pessoal e orientação profissional, bem como na classificação de alunos, com o objetivo de formar classes mais homogêneas para melhor preparar as crianças e os jovens para o mercado de trabalho.
As transformações operadas na profissão ocorreram, fundamentalmente, na década de 70 e início dos anos 80, passando a ter inserção maior na sociedade brasileira, estabelecendo, assim, o seu compromisso com outros segmentos populacionais. Entretanto, já em meados dos anos 60 o trabalho dos psicólogos despontava em meio à população de baixa renda, objetivando contribuir para a melhoria das condições de vida da classe trabalhadora. Nascia, assim, a Psicologia Comunitária.
Mais recentemente, com a ampliação das políticas de Saúde e Educação, a atuação dos psicólogos alcançou maior abrangência, incorporando-se às instituições públicas de promoção do desenvolvimento social, tais como postos de saúde, creches, serviços sociais, sistema judiciário, assumindo como desafio desenvolver instrumentais de análise e intervenção junto às demandas da população beneficiária destas políticas.
Na maioria das vezes, suas principais estratégias de ação se dão em equipes multidisciplinares (psicólogos, assistentes sociais, educadores, sociólogos dentre outros), realizando reuniões com moradores para a análise das demandas e possíveis soluções, com o incentivo à formação de grupos de autogestão (capacidade de identificar e compreender as próprias demandas e os recursos para satisfazê-las) e à formação de recursos humanos da própria comunidade, com propostas de atividades específicas.
Partindo das necessidades dos grupos populares, os trabalhos sociais comunitários apóiam-se em teorias e métodos que visam despertar a consciência coletiva para os problemas comuns e para os fatores que contribuem para sua existência, de forma que, progressivamente, estes se sintam capazes de transformar a realidade que os impede de se desenvolver como sujeitos.
Resumidamente, pode-se dizer que a Psicologia Social Comunitária é uma área da Psicologia Social que estuda o modo de vida da comunidade e como este se reflete na mente de seus moradores, reconhecendo a capacidade do indivíduo e da própria comunidade de serem responsáveis e competentes na construção e na transformação de suas vidas.
(*) Rita de Cassia Vieira Borges, Mestre em Educação Sexual, docente do Curso de Psicologia da Fundação Educacional de Penápolis - FUNEPE
Rita Borges (*)
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