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ARTIGOS

16/01/2021

Entre o brincar e o violentar-bullying entre adolescentes

A violência no ambiente escolar entre os adolescentes, mais especificamente, o bullying, define-se como qualquer ato praticado de maneira isolada ou em grupo nas instituições de ensino envolvendo os/asalunos/as que se caracterize pela repetição e seja marcado por situações de agressão física, humilhação, constrangimentos, exclusão, dano moral, bem como preconceitos referentes à gênero, raça/etnia, que causem danos físicos, morais ou sociais à vítima.
Se, por um lado, a educação tem o potencial de abrir caminhos de conquistas e possibilitar o protagonismo dos adolescentes, por outro, os modelos escolares vigentes podem reproduzir em suas relações, práticas de violência, visto que na história da educação e nas diferente sociedades, observa-se a construção de classificação dos indivíduos e dos grupos sociais por faixa etária, nível de inteligência, sexo, cor/raça, dividindo-os entre adequados e inadequados, seguindo categorias previamente [e sócio historicamente] definidas.
Portanto, para pensar a violência na escola, necessita-se compreender que a violência no âmbito escolar assume uma diversidade de formas e representações a partir das experiências práticas e simbólicas que os sujeitos têm do que é ou não violência. 
Segundo pesquisa divulgada em 2009 pela Organização Não Governamental Internacional PLAN, por dia, cerca de um milhão de alunos entre 11 e 18 anos em todo o mundo sofre algum tipo de violência nas escolas. Já em pesquisa publicada, em 2008, pela Faculdade de Economia e Administração da USP – realizada em 501 escolas com 18.599 estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os estados do país – pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de situações em que alunos foram vítimas de violência. A maior parte (19%) foi motivada pelo fato de o aluno ser negro. Em segundo lugar (18,2%) aparecem os pobres e depois os homossexuais (17,4%) (PLAN, 2009). Ainda segundo a ONG, o bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do País e a incidência maior está entre os adolescentes na faixa de 11 a 15 anos de idade e alocados na sexta série do ensino fundamental.
Em relação à motivações que direcionam esse comportamento, os estudos mostram que os agressores buscam obter popularidade junto aos colegas, por necessidade de aceitação no grupo de referência e que se sentem poderosos em relação aos demais. As vítimas são descritas como pessoas que apresentam alguma diferença em relação aos demais colegas (traço físico, algum tipo de necessidade especial, o uso de vestimentas consideradas diferentes, a posse de objetos ou o consumo de bens indicativos de status socioeconômico superior ou inferior ao dos demais alunos).  Verifica-se que os próprios alunos não apresentam condições para diferenciar os limites entre brincadeiras, agressões verbais relativamente inócuas e maus tratos violentos, bem como quase nada percebem sobre a evolução dessa violência para situações extremamente graves. 
A socialização e a escola como instituição do Estado atuante na educação reproduz a violência social, mas também constitui-se civilizatória, na medida em que impõe regras de sociabilidade. Mas por esses dispositivos também é possível que se reproduzam as desigualdades e se instalem o rompimento com uma ética da vida, o que pode deflagrar comportamento violento. Assim, quando a violência se produz a partir da vida cotidiana, das profundas desigualdades sociais, ela também, de certo modo impõe-se de diversas maneiras e nos diferentes níveis das relações em todos os grupos sociais, ainda que não igualmente.
Sobre as consequências na saúde, tanto meninos quanto meninas têm sua autoestima diminuída, há também uma diminuição do rendimento escolar, índices elevados de queixa de tristeza sem motivo aparente, o que leva a crer que haja quadros de depressão consideráveis a serem discutidos e que merecem a atenção do poder público, das universidades, dos serviços de saúde, das escolas, das famílias. Uma sociedade que reflete sobre sua realidade promove saúde e produz relações baseadas no respeito e afeição. Isso vale (mais que) ouro!!
      
(*) Joice Cozza é professora na FUNEPE (Fundação Educacional de Penápolis)

Joice Cozza (*)



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