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ARTIGOS
25/10/2020
Orgulho de ser penapolense!
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.
(...)
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá
Sem que desfrute dos primores
Que não encontro eu cá
Sem que ainda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá
Antônio Gonçalves Dias (1823-1864)
A poesia romântica acima cujo título é “Canção do Exílio, é com certeza uma das mais lindas escrita em gratidão ao Brasil. Quando escreveu, o autor estava na condição de exilado em Portugal. Penso que, além da saudade da sua pátria, ele se inspirou num trecho da poesia do Hino Nacional Brasileiro “Nossos bosques têm mais vida; nossa vida, em teu seio, mais amores”. Todos os anos, por ocasião do aniversário da nossa querida Princesa da Noroeste, de pronto vem à mente está linda poesia.
Mudei de Penápolis em janeiro de 1976, portanto há mais de 44 anos. Todos os anos, eu e minha esposa programamos parte das nossas férias para estar na cidade pelo menos uma semana próxima ao dia 25 de outubro, para comemorarmos o aniversário da cidade. Neste ano, infelizmente, a pandemia do Covid-19 nos impede de estar nesta terra querida, comemorando os 112 anos de fundação do município.
A “Canção do Exílio” nos leva aos anos 50 e 60, quando Penápolis tinha uma população não superior a 20 mil habitantes. Era rica em fauna e flora, deixando-nos felizes por seus campos verdes, pelos rios e riachos saudáveis repletos de peixes. Infelizmente o desmatamento acabou com essa beleza que Deus nos deu, e em vez do verde nativo vieram os canaviais que acumulam riqueza para poucos.
Nasci na Fazenda Figueira que, nos anos 30/40/50 chegou a ter uma população de mais de 500 famílias, todos colonos, meeiros de café. Minha esposa nasceu na zona urbana. Hoje, morando numa média cidade e sentindo o absurdo dos preços dos alimentos, sentimos saudades da nossa querida Penápolis naqueles anos. Erámos felizes e não sabíamos. Adoro curtir as lindas fotos publicadas no facebook, grupo “Amigos Penapolenses”. As postagens nos levam a um maravilhoso passado que, infelizmente, não volta mais.
Os sabiás e demais aves citadas na poesia de Gonçalves Dias desapareceram. Não vemos mais tatus, cotias, pacas, veados, jaós, macacos e uma centena de seres vivos criados por Deus. Depois de muitos anos eu reencontrei esses seres vivos no interior de Rondônia, Acre, Tocantins, locais aonde estive a trabalho. A força da grana destruiu coisas belas, como diz Caetano Veloso na música “Sampa”.
Obrigado, prefeitos João Luís dos Santos e Célio José de Oliveira por nos devolver a nossa linda Fonte Luminosa, para nós a mais linda do Brasil. Infelizmente algumas árvores históricas da Praça Dr. Carlos Sampaio Filho ficaram doentes e foram dizimadas. Que saudade da época em que não existia televisão. A gente, com toda segurança, frequentava as praças. Podem nos chamar de sonhadores, ultrapassados ou fora da conjuntura. Não nos importamos, porque sabemos o que é lindo!
Assim, neste mês em que a terra de Maria Chica completa 105 anos de fundação, agradecemos a Deus por termos nascido nesta linda cidade. Parabéns, Penápolis, nós te amamos!
WALTER MIRANDA e JANE MOREIRA
WALTER MIRANDA e JANE MOREIRA (*)
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