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ARTIGOS

15/03/2020

Como será a próxima eleição presidencial no Brasil?

Todas as pesquisas de opinião divulgadas nos últimos meses demonstram a resiliência da imagem do governo do presidente entre seus eleitores mais fiéis, mesmo diante de um suposto cenário de instabilidade nas articulações políticas e até administrativas, e a crise “fake” da Amazônia em chamas, bem como outras crises reais criadas pelo próprio governo.
Na média das pesquisas, o governo do presidente Jair Bolsonaro retém o apoio fiel de 30% dos brasileiros. Chamo este índice costumeiramente de “terço básico” ou 1/3 dos eleitores totais. Esse é um eleitorado suficiente para ele manter a esperança na reeleição. Sim, porque reeleição é quase um plebiscito de qualificação de desempenho de governo. E, mesmo com a polarização atual do cenário sociológico, as pesquisas “gritam” que ao menos 1/3 da população não vota pela temática ideológica das bordas eleitorais.
Mas, do ponto de vista estratégico, não seria possível fazer essa afirmação de que esse 1/3 lhe dá base suficiente reeleitoral se não houvesse esse outro 1/3 do eleitorado que não toma posição — no jargão das pesquisas, são aqueles que não opinaram quando questionados se “aprovam” ou “desaprovam” o governo, ou aqueles que consideram o governo “regular” numa avaliação mais abrangente.
Se Bolsonaro chegar até o fim do governo com o apoio desses 30% do eleitorado, os adversários terão muito trabalho para evitar a reeleição dele. Um terço seria o suficiente para colocá-lo no segundo turno, quando a votação se tornaria um plebiscito entre esquerda e direita (aquilo que chamo de bordas ideológicas eleitorais), mas, principalmente, colocaria nas mãos dos 33% de indefinidos o futuro do Brasil. Esse eleitorado, repito, vota pela avaliação fria do desempenho do governante. Aí está a vantagem de Jair Bolsonaro. No cenário atual, a população que decidirá deve avaliar preponderantemente o reflexo na sua vida do desempenho econômico do país.
Afirmo então que não há só intuição, mas, principalmente, lógica e, além, há inteligência política nas atitudes do presidente contra seus adversários de estimação, que, não por acaso, incluem todos os que hoje na visão dos conservadores e neoconservadores representam o chamado “marxismo cultural” no Brasil, como algumas universidades públicas e seus professores, jornalistas, artistas, ambientalistas, comunistas, globalistas e todos os que possam ser rotulados como esquerdistas. Essa, aliás, é a mesma tática de Trump hoje nos EUA.
Então enquanto nas redes sociais os Bolsonaristas (aqueles do 1º terço: 1/3 do eleitorado que está fechado com o presidente) vibra com os ataques disparados contra os que governaram antes e os defensores de suas causas, hoje há um outro 1/3 do eleitorado (o 2º terço) só observando todo o movimento político, seus reflexos na dinâmica governativa e seus resultados na vida do cidadão comum. E são esses que decidirão a eleição.
Aqui, começa a questão definidora nesta análise de segmento tão cara a nós publicitários estrategistas de política.
Em resumo, a questão fundamental é que o centro do eleitorado (esse segundo 1/3) é indiferente à maioria das chamadas questões identitárias, que engajam os polos opostos. Lembrando que são aqueles que, em todas as pesquisas, veem o governo como regular (de 29% a 33%). Estes, quase sempre, só estão ligados pelo fio de uma causa geral ou principal, como economia ou segurança/corrupção. Esses, repito, decidirão a eleição no 2º turno ou até no primeiro, se a economia decolar.
Aliás, quanto mais ao centro for o adversário de Bolsonaro no 2º turno, maior a possibilidade de assimilar esse eleitorado de pautas de minorias: esse 1/3 do eleitorado que não aprova nem reprova o atual presidente. A mesma constatação vale para o presidente.
Sendo assim, Bolsonaro vai viver uma situação semelhante à de Fernando Collor em 89, que preferia enfrentar Lula do que Brizola na disputa de 2º turno. Ele vai precisar ter o PT firme e forte a lhe fazer oposição, mas, principalmente, estimular a ida de seu candidato ao 2º turno. Portanto, hoje, Bolsonaro tem uma oposição pra chamar de sua... Tem sua oposição de estimação!
Por isso o Bolsonarismo continuará precisando do PT para se manter vivo até ao menos a próxima eleição. O PT é o balão de oxigênio do Bolsonarismo, que, ao que tudo indica, está inaugurando uma nova era na política brasileira.
Quanto a Doria e outros atores, eu sempre digo que campanha tem raias. E elas são a da situação e da oposição. Os corredores disputam espaço única e exclusivamente nestas faixas. Não vejo como Doria, Hulk ou Amoedo — ou ainda Ciro Gomes (noutro espectro) — possam, num ambiente de integralidade institucional, roubar os espaços do Bolsonarismo (que está consolidado, conforme mostram as atuais pesquisas) ou do Lulopetismo do antigo governo, que terá um candidato próprio empunhando suas bandeiras.
Simples assim: Doria e Ciro não terão espaço para crescer, pois, se o chamado campo progressista dos partidos de esquerda têm quase 1/3 e o Bolsonarismo acaba de se mostrar consolidado em 1/3, sobra o outro terço para candidaturas de perfil mais de centro. E é exatamente por isso que Ciro, Amoedo e Doria aparecem em patamares tão baixos de intenção de voto. A soma deles, aliás, se refere ao restante 1/3 do eleitorado, computando-se outros candidatos nanicos. Assim, as chances dessas candidaturas são bem reduzidas.
E ainda a queda de Bolsonaro nas camadas mais pobres não é uma notícia ruim para ele, pois, ao contrário do que têm avaliado alguns analistas que não têm a experiência do manejo de uma campanha eleitoral, este é um eleitorado que “vai fácil com o governo” se a economia melhora — e, ainda temos 3 anos até a eleição.
O jogo vai começar, e podem ir se acostumando... Assim como temos uma nova esquerda consolidada há quase 40 anos no Brasil, mostram as atuais pesquisas que uma nova liderança política nacional, representada pelo nosso presidente, agora catalisa as forças conservadoras e começa a consolidar uma nova direita brasileira. A “cláusula de barreira” vai arte-finalizar a institucionalização de nosso ambiente político cada vez mais parecido com o dos Estados Unidos.

(*) João Miras é comunicólogo, estrategista de marketing de governos e campanhas com 35 anos de atuação em 13 estados brasileiros e outros países. Ele também é autor de dois livros e palestrante

João Miras (*)



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