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ARTIGOS

18/01/2020

A internet para além do entretenimento

Em outubro de 2019, o número de usuários de internet alcançou o total de 58% da população mundial. Esta porcentagem equivale a quase 4,5 bilhões de pessoas expressando sua vida também no ambiente digital. Tonou-se praticamente impossível viver no contexto urbano sem utilizar algum artefato tecnológico conectado à internet. Este é um dos principais fatores que permitem identificar a era atual como “sociedade da informação”.
O acesso à internet na “palma da mão”, que corresponde a 53% do total de usuários, promove uma imersão digital, a partir da qual os indivíduos se comportam de forma acrítica em relação aos aplicativos disponíveis. Com maior expressividade estão as redes sociais, a partir das quais o indivíduo estabelece sua rede de amizade, status de relacionamento, divulga sua localização, indica seus laços familiares, expressa preferências musicais, políticas, religiosas, de leitura, etc.; em outras palavras, quase que de forma “automática” o usuário fornece todo seu conjunto de hábitos pessoais.
A revolução digital deixa de ser um cenário apenas positivo quando o avanço tecnológico passa a utilizar o conjunto de hábitos pessoais dos indivíduos para fins que extrapolam os interesses pessoais dos usuários. Desde 2012, com a divulgação de Edward Snowden (acerca) do sistema de vigilância operacionalizado pelos Estados Unidos sobre diversos países, isto tem sido evidenciado. Empresas como Facebook, Google, Yahoo, Microsoft, entre outras cediam dados sensíveis de seus usuários ao governo estadunidense sem que os usuários fossem questionados sobre tal ação. Configura-se, assim, uma situação de invasão à privacidade. 
Outros casos de acesso às informações sobre hábitos individuais altamente questionáveis por parte de empresas e governos surgiram desde então, sendo um dos mais recentes o ocorrido próximo a eleição do presidente Donald Trump. Uma empresa britânica de análise de dados chamada Cambridge Analytica se utilizou do Facebook para conseguir informações pessoais de cerca de 50 milhões de usuários, sem o consentimento dos mesmos, a partir dos quais traçou perfis de personalidade para identificar quais usuários estavam mais suscetíveis a tipos diferentes de propaganda política. 
Casos como o do escândalo da Cambridge Analytica evidenciam a riqueza da nova moeda da economia mundial, que são os dados pessoais online. A ocorrência de situações de invasão da privacidade dos usuários implica na redução de sua liberdade, livre-arbítrio, espontaneidade e autonomia. O uso indevido da informação pessoal favorece a manipulação de opiniões, crenças, decisões, desejos, entre outros fatores que são caros à individualidade do usuário. Com o avanço das tecnologias de Big Data – aquelas capazes de manipular uma quantidade imensa de dados e agrupá-los em perfis de usuários – o potencial de invasão e manipulação dos indivíduos que estão alheios ao seu funcionamento aumenta perigosamente.
Uma vez que não parece ser possível escapar dos impactos das tecnologias digitais na vida diária, é cada vez mais relevante conhecer seus alcances reais. Especialmente quando os rumos da sociedade, das escolhas individuais, têm sido guiados por empresas e governos que se sobrepõem à liberdade individual. Como diz Ajay Benga, CEO da Mastercard, os dados, dentre eles os que se referem aos hábitos individuais e coletivos, são o novo petróleo, a diferença é que o petróleo acaba enquanto os dados são renovados a todo instante. Além disso, conforme Tim Cook, CEO da Apple: “se o serviço é ‘gratuito’, então você não é o consumidor, mas o produto”.
João Antonio de Moraes



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