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ARTIGOS
04/01/2020
Máquina Moral
A ciência caminha a anos luz. A consciência humana como tartaruga. Nunca estão na mesma sintonia. Se a política estivesse em estágio paralelo aos avanços tecnológicos, teríamos um planeta mais humanizado e mais acolhedor. Teimamos em permanecer na idade da pedra do convívio. Oferecendo argumentos que fortalecem a visão de Thomas Hobbes: a vida em sociedade é a guerra de todos contra todos, o homem sendo o lobo do homem.
Máquina Moral é o nome de um aplicativo que tem sido utilizado como experimento apropriado à próxima realidade da automação. Todos sabemos que os veículos automotores sem motorista humano já estão disponíveis. A celebração do êxito viu-se tisnada quando um automóvel atropelou e matou uma pessoa.
A partir daí, pensa-se em calibrar os sensores do certo e do errado para uso dos carros autônomos. O teste pode ser verificado por todos os interessados, no endereço eletrônico moralmachine.mit.edu e abre uma série de possibilidades para o usuário.
Depois de mais de quarenta milhões de respostas computadas, pode-se delinear uma ideia em relação à moral, conforme a enxergam várias partes do globo. O Brasil está no grupo dos países latino-americanos, da França e das Nações colonizadas por franceses.
Questionados quanto a quem salvariam, se numa hipótese o carro colidiria ou atropelaria alguém, os pesquisados acordam quanto à plus-valia da vida. A característica é terem escolhido poupar mulheres, crianças e animais, se tivessem de optar por matar alguém. Embora o veículo não tivesse um condutor humano.
Ou seja: milhões de pessoas de 233 países deram sua opinião sobre decisões éticas a serem tomadas por veículos autônomos. Parece existir um consenso universal de ideias a respeito do que é certo e do que é errado. No mundo todo, prefere-se atropelar um animal em vez de um ser humano. Tende-se a salvar o maior número de vidas, a poupar preferencialmente crianças, a mulher é mais protegida do que o homem.
A relação dos personagens a serem poupados é interessante. Por ordem decrescente, o veículo deveria poupar carrinho de bebê, menina, menino, grávida, médico, médica, mulher atleta, executiva, homem atleta, executivo, mulher gorda, homem gordo, morador de rua, idoso, idosa, cão, criminoso e gato.
É bem sugestiva essa hierarquia. Não se pretende regulamentar o assunto, senão fazer com que o ser humano pense que é urgente refletir em termos de ética da Inteligência Artificial. Existe uma distinção bastante nítida entre inteligência e consciência. A máquina poderá suplantar a inteligência dos seres humanos. Mas poderia ser mais ética do que a criatura racional?
Ironia e paradoxo: enquanto a humanidade relativiza a sua moral, torna suas exigências excessivamente complacentes em termos éticos, procura-se dotar a máquina daquilo de que os humanos nunca poderiam ter aberto mão.
(*) José Renato Nalini. Reitor da Uniregistral, docente da Uninove, autor de “Ética Geral e Profissional” e Presidente da Academia Paulista de Letras
José Renato Nalini (*)
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