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ARTIGOS
22/12/2019
Morrer no Natal
Natal é a festa da esperança. Todos os anos surge a oportunidade de repensar nessa milagrosa dádiva de um Deus que se encarna para reconduzir a criatura à salvação. Hiato para os ódios, as iras, os ressentimentos. Trégua geral. Tempo de presépio, árvore de Natal, presentes, abraços e os melhores votos.
Só que um estudo sueco veio a concluir que é a data preferida para morrer. Vamos explicar. 283.014 ataques cardíacos ocorridos em 16 anos, escolheram que 24 de dezembro é a data de maior risco. E o horário é 22 horas. Exatamente na troca de presentes ou em meio à ceia, abraços e surpresas com os que, de longe, chegam exatamente para o encontro familiar.
Quem é que corre mais risco? Idosos com mais de 75 anos, que sofrem com doenças crônicas como diabetes e problemas cardiovasculares. A pesquisa foi publicada pela revista British Medical Journal, que não hesitou em trazer mais duas notícias ruins sobre o Natal. A primeira: quem recebe alta hospitalar nessa época tem mais chance de morrer. Foi apurado no Canadá, com 217.305 altas entre 2002 e 2016 em hospitais de Ontario, comparadas com 453 mil outras no final de novembro ou janeiro. Para cada 100 mil pacientes, há 26 mortes e 188 retornos ao hospital. Índice muito maior em relação à alta em outros períodos.
A segunda má nova: ficar no hospital também não é bom. Nesses dias, há redução das equipes. Quem fica trabalha contrariado. Isso intensifica o perigo da internação, que já não é pequeno. Principalmente em países onde ainda existe a chamada infecção hospitalar.
Eu já sabia que a época favorece um consumo excessivo de gorduras. Importamos o Natal europeu, cujas temperaturas obrigam a uma alimentação reforçada. Aqui, no inferno escaldante que resulta do aquecimento global e da destruição do verde, continuamos a consumir calorias. E a submeter os coitados que servem de Papai Noel a uma vestimenta pesada, quente e anti-higiênica. E olhe que Jesus, o aniversariante, deu exemplo: está de tanga na manjedoura! Não aprendemos isso e muito menos a sua mensagem.
Para mim morrer na noite de 24 de dezembro, significaria também, falecer no dia do aniversário.
(*) José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, autor de “Ética Geral e Profissional”, docente da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras 2019-2020
José Renato Nalini (*)
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