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ARTIGOS

23/11/2019

A educação em tempos de tecnologias digitais e telas brilhantes

Parece difícil resistir às telas brilhantes e à tentação de acompanhar os últimos modelos de televisão ou celulares. Também parece complicado poupar as crianças da grande quantidade de tecnologias digitais que passaram a fazer parte do cotidiano. Por trás disso, parece existir a crença de que o novo é sempre bom, sempre melhor. E até ficamos surpreendidos quando crianças demonstram conhecer aparatos digitais e tecnológicos mais que nós mesmos. A promessa da tecnologia na educação, então, quase chega a parecer milagrosa, oferecendo o mundo interessante que julgamos não ser mais possível ao livro ou ao professor. Mas será assim mesmo?
Uma das mais importantes habilidades humanas que entra em discussão quando falamos de tecnologia digital e educação é a atenção. É comum ouvir adultos alegando que as crianças e os adolescentes são capazes de dedicar atenção às telas brilhantes e não a outras coisas, como uma conversa presencial, uma aula expositiva, ou até mesmo um texto escrito. Para uma leitura mais demorada, é comum pegar no sono! Mas com o celular, é possível ficar acordado e esquecer-se do tempo. Por que isso acontece? Será que nossas conversas em aplicativos de mensagens são tão mais interessantes do que uma conversa presencial? Será que assistir a desenhos animados é tão mais interessante do que uma brincadeira em grupo? Será que uma vídeo-aula é muito mais esclarecedora do que os textos disponibilizados pelos professores, do que livros e do que debates? Provavelmente não se trata de ser mais interessante, mas de ser mais simples, mais fácil e de demandar menos esforço, sendo, por isso mesmo, mais vulnerável à captura.
E aí voltamos a falar de atenção. A atenção exigida pelas telas brilhantes é uma atenção muito básica. Quase a mesma que dispensamos quando somos surpreendidos por fogos de artifício. O brilho, o movimento e as luzes garantem que sejamos sempre surpreendidos por “fogos de artifício” que nos bombardeiam a partir das telas digitais. E assim, nos mantemos alertas olhando para elas. Com o texto, com o professor, com a conversa presencial tudo fica mais difícil: é preciso fazer um esforço de memória, de atenção, de concentração. É preciso envolver-se com o conteúdo. É preciso pensar. E isso requer tempo, paciência e disponibilidade. Infelizmente, essas habilidades estão bastante fora de moda. Mas será que não seria tarefa do processo formativo possibilitarmos às crianças e adolescentes espaços e tempo para desenvolverem essas habilidades? Bom, crianças, adolescentes e adultos também! Quantos de nós não passamos por isso?
É claro que não se trata de banir as tecnologias digitais e suas telas brilhantes e isso tampouco seria possível. Mas seria importante que nos educássemos para o uso delas, inclusive utilizando melhor seus potenciais. Por exemplo, quanto aprendemos utilizando a internet? Somos capazes de ler coisas diferentes e assistir a vídeos educativos ou ficamos presos em redes sociais? Seria importante nos perguntarmos: como a internet e as tecnologias podem nos fazer ser pessoas melhores? Quem sabe assim não utilizaremos melhor seus potenciais, nos educaremos para suas armadilhas e desenvolveremos melhor nossas habilidades tão importantes para seguir aprendendo! Afinal, a atenção dedicada, a memória e a concentração não são habilidades que surgirão sozinhas. Elas precisam ser aprendidas e treinadas! E quais espaços temos para isso? Temos tempo para isso ou nosso tempo também está capturado por pequenas atividades nas redes sociais?
É verdade que andamos todos bastante cansados e que sugerir uma outra atividade que demanda esforço pode ser inconveniente. Mas seria muito mais problemático que deixássemos de desenvolver, de aprender e de ensinar as habilidades de conversar, de ouvir atentamente, de memorizar, de nos concentrarmos, de nos aprofundarmos num assunto, de conhecermos as coisas melhor e de pararmos para pensar. Afinal, são habilidades assim que nos fazem seres humanos! 

(*) Jéssica Raquel Rodeguero Stefanuto é psicóloga, mestre em Educação Escolar, doutoranda em Educação e professora na FUNEPE

Jéssica Stefanuto (*)



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