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ARTIGOS

11/09/2019

O Brasil ainda não é um país independente

A história oficial do Brasil, contada e escrita geralmente por historiadores que buscam fontes oficiais, políticas, nem sempre revelaram a real história do nosso país. Aprendemos que no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Riacho Ipiranga em torno do qual nasceu a cidade de São Paulo, o príncipe e regente do Brasil, Dom Pedro de Alcântara Bragança, conhecido por Dom Pedro I. teria bradado perante a sua comitiva o famoso “Grito do Ipiranga”, dizendo  “Independência ou Morte!”. 
      Antes dos anos de 1970 ao comemorarmos as datas cívicas como a proclamação da República e independência do Brasil, raramente se via algum historiador contestando os fatos oficiais, geralmente fundamentados nos cotidianos políticos de uma minoria, segregados dos cidadãos comuns nas periferias das cidades e nas zonas rurais. 
      No último dia 7 de setembro, a maioria das cidades comemorou os  197 anos da independência do Brasil não exatamente como no passado. Aqui em Araraquara não houve desfile, bandas marciais, escolas, crianças e adolescentes desfilando. A celebração do “Dia da Independência do Brasil” se resumiu a um cerimonial em frente ao Paço Municipal, com as presenças de autoridades civis e militares. Após o hasteamento da bandeira e execução do hino nacional seguiram-se discursos relembrando a história oficial. 
      Nessas comemorações raramente se via, e se vê, afrodescendentes e indígenas participando dos cerimoniais e também contando as suas histórias. Quando houve a “independência” no ano de 1822, a maioria dos negros continuava nas condições de trabalhadores escravos. A escravidão oficial foi abolida no dia 13 de maio de 1888, portanto há 66 anos após a comemorada independência do Brasil. Proclamaram a independência do Brasil em relação a Portugal, mas internamente parte significativa dos brasileiros continuava sem liberdade e discriminados. 
      Naquela época não era diferente. Os historiadores nada revelavam sobre as contribuições desses povos marginalizados do cotidiano social, econômico e político do Brasil. Eram considerados cidadãos de segunda e terceira classe, não civilizados e escravos, portanto economicamente inferiores. Predominavam os grandes proprietários de terras indígenas e senhores de escravos, protegidos e amparados pela monarquia que governava um país que não pertencia a eles. 
      No último dia 7 de setembro de 2019 vimos, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro, tendo ao lado seus apoiadores políticos, comemorar o “Dia da Independência do Brasil”. Desfilou sobre um carro inglês de marca Rolls Royce, acompanhado por um membro do clã Bolsonaro, o filho Carlos. O presidente parecia uma criança participando de uma festa de aniversário. 
      Na contramão da demagogia geralmente notada nos discursos das autoridades políticas em todo país, tivemos movimentos sociais organizados, protestando contra a dominação imperialista, através do “Grito dos Excluídos”. Eu e vários amigos fomos até a cidade de Barretos (SP), onde com boa presença de militantes políticos, sociais e religiosos, reunidos no salão de festas de uma Igreja Católica, refletimos sobre a conjuntura social, econômica e política do Brasil. 
      Refletimos sobre a real independência do Brasil, sob o ponto de vista social e econômico. É muito difícil, diante da atual crise, reconhecer o Brasil independente, soberano, com uma dívida pública no montante de R$ 7.664 trilhões no final do ano de 2018, sendo R$ 5.523 trilhões interna e R$ 2.141 trilhões (US$ 556.32 bilhões) externa. 
      A dívida total, no final do ano de 2018, correspondia a 113% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, totalizando, no ano de 2018, o valor de R$ 6,8 trilhões. No mesmo ano de 2018, a União pagou R$ 1.065 bilhões a título de juros e encargos da dívida pública, correspondendo a 40% de toda Receita realizada (recebida).  
      Na condição acima, em minha opinião, ainda não conquistamos a independência social e econômica do Brasil. Continuamos economicamente dependentes do capitalismo aqui e no mundo. Entendo que a situação pode se agravar se o governo Bolsonaro conseguir, sem resistência, entregar o nosso país para o domínio econômico dos Estados Unidos. O Brasil não é um país economicamente independente.


(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular.  Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br

 

Walter Miranda (*)



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