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ARTIGOS

03/07/2019

Carta aberta ao meu amigo petista

Prezado amigo petista. Temos percebido que, após mais de um ano da prisão do Lula, evidenciada também como uma prisão política, a direção do seu Partido não fez até agora nada para, concretamente, exigir a sua liberdade como, por exemplo, convocar uma Greve Geral. O PSTU, meu partido, nunca confiou somente na Justiça num país capitalista contaminado pelo poder dos ricos. Assim, por exemplo, confiar que o Lula, operário, nordestino e afrodescendente será absolvido tão cedo das imputações criminosas contra ele é, para mim, uma análise equivocada da conjuntura política.    
Os presídios estão repletos de seres humanos que deveriam estar livres, mas permanecem presos nas fétidas penitenciárias, doentes, trancafiados em celas superlotadas, prisões que não recuperam, mas matam ou produzem seres humanos mais revoltados. Para os preconceituosos, racistas, homofóbicos, machistas, nazistas, muitos contraditoriamente se identificando cristãos, é preciso pena de morte para eliminar esses “bandidos”. Ouvi pessoas e autoridades dizer que “bandido bom é bandido morto”. No entanto os bandidos a que se referem são os pobres e pretos. 
O PT, nos seus primeiros 10 anos, foi um partido fiel às suas origens, vinculado puramente à classe trabalhadora. Posteriormente começaram a pegar milhões de reais de grandes empresários para as suas campanhas, sob o argumento de que era legal. Era legal, mas ideologicamente questionável. Ser bancado financeiramente pelos empresários deixou o PT submisso aos doadores, popularmente conhecido por “rabo preso”. Nos anos 1990 a 1992, acompanhando o comportamento político da direção majoritária, os embates foram contundentes. Isolaram-nos e nos expulsaram sob o argumento de que éramos radicais e xiitas.  
A gente alertava: “Se antes a gente não pegava grana de patrões grandes empresários para as campanhas, porque sair desta linha política marxista no campo classista?”. Eles respondiam: “Vocês estão por fora da realidade e nunca chegarão ao poder. É preciso fazer alianças e coalizões até com a direita para governarmos”, diziam. 
Governando com a direita sempre foi impossível implementar políticas voltadas para a classe trabalhadora como, por exemplo, reforma agrária, suspensão ou não pagamento da dívida pública direcionando os recursos para a saúde, educação, habitação, combate à miséria à fome, enfim, qualidade de vida. Tudo isso, sob o ponto de vista capitalista, significa mercadoria para venda com lucro. 
Assim, meu amigo petista, está evidente que a política assistencialista disponibilizando recursos (grana) nas mãos das pessoas para comprar moradias, cestas básicas, carros, bolsas famílias, etc.., foi insuficiente. Os ricos continuaram mais ricos e saboreando o melhor pedaço do bolo. Grandes empresas, como por exemplo, a JBS, Odebrecht e milhares delas, receberam, via BNDES, Receita Federal e outros órgãos, bilhões de reais em forma de empréstimos a juros baixíssimos e renúncias fiscais com anistias, isenções e outros privilégios tributários. 
Enquanto isso os ricos ficaram mais ricos e a maioria da população pobre continuou pobre ou na miséria. A fatura chegou para mais uma vez ser paga pela classe trabalhadora. O triste é que continuamos tendo no Brasil 27 milhões de desempregados, desalentados e desanimados, boa parte passando fome, enquanto as maiores áreas de terras estão nas mãos de grandes produtores rurais e do agronegócio voraz pelo lucro e pela monocultura que produz e exporta para obter dólares para pagar a dívida pública acumulada ao longo dos anos. 
A corrupção contaminou todos, inclusive militantes e dirigentes do PT que não teve, até agora, a dignidade de expulsá-los dos seus quadros. Ainda é tempo, meu amigo petista, faça com que o seu Partido, que foi pensado e construído para ser dos trabalhadores, não corruptos, sem alianças com grandes empresários e banqueiros corruptores, retome as suas origens. 
A luta do PSTU e da CSP Conlutas é para a conquista de uma sociedade justa, onde todos se respeitem enquanto seres humanos, independentemente das suas condições sociais e econômicas, o que só é possível acontecer numa sociedade sem classe dominante.

(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br

WALTER MIRANDA (*)



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