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ARTIGOS

02/06/2019

Presentear com dinheiro

A proximidade do Natal – as lojas já têm decoração natalina – leva àquela preocupação de sempre. O que dar de presente para a família e para aqueles que esperam nossa manifestação?
Ao ler o livro de Michael J. Sandel, “O que o dinheiro não compra. Os limites morais do mercado”, encontrei uma reflexão interessante, que partilho com os leitores. 
Para ele, da presentes é uma expressão de amizade. Só que o aspecto monetário às vezes é obscuro, em outros é explícito. Enxerga certa monetarização dos presentes, exemplo da crescente mercantilização da vida social.
Do ponto de vista da lógica de mercado, é sempre melhor dar dinheiro do que um presente. O presenteado sabe melhor suas preferências. Se o objetivo de dar presente é fazer alguém feliz, difícil não concluir que a melhor opção seja dinheiro. 
Sandel cita o artigo escrito por Joel Waldfogel, economista da Universidade da Pensilvânia, com o título “O desperdício do fardo de Natal”. Considera uma epidemia de utilidade desperdiçada nos presentes de fim de ano. O tema foi desenvolvido num livro, do mesmo autor: “Economia da avareza: por que você não deve dar presentes de fim de ano”. 
O argumento é o de que as compras feitas por outros, com a melhor das intenções, nunca vão coincidir com a nossa própria escolha. Ele fez uma pesquisa interessante: mandou os presenteados avaliarem o quanto havia sido gasto no presente que ganharam. Em regra, a pessoa que recebeu avalia em 20% menos do que custou. E sua conclusão é muito eloquente: “Considerando-se os 65 bilhões de dólares anualmente gastos nas festas de fim de ano nos Estados Unidos, temos treze bilhões de dólares de satisfação a menos do que se gastássemos esse dinheiro da maneira habitual: cuidadosamente conosco mesmos. Os americanos comemoram as festas com uma orgia de extinção de valor”.
Os americanos são tão pragmáticos, valorizam tanto o tempo que o consideram idêntico ao dinheiro: Time is Money. Por que continuam, então, a presentear? Porque os presentes são “a sinalização do amor”. Daí a conclusão do economista: minha razão diz que o melhor presente é dinheiro. Mas o resto de mim não aceita. Isso porque há um estigma a impregnar o dinheiro. Se não houvesse tal preconceito, haveria uma geral aceitação de que o dinheiro permite ao presenteado comprar o que quiser, de acordo com o seu gosto, sem ter de fingir contentamento por haver ganho o que nunca usará ou o que nunca teria comprado.
A tese econômica contra o hábito de presentear não é moralmente neutra. Pressupõe certa concepção de amizade, que não pode ser desprezada. Conclusão: as pessoas esperam! Cheque, dinheiro vivo ou o objeto que entendermos adequado, não deixemos morrer a tradição dos presentes de Natal. 

(*) José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, professor da Uninove e Anchieta, autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed., RT-Thomson Reuters

José Nalini (*)



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