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ARTIGOS

22/05/2019

A religião e a opção pelos pobres

Embora eu saiba que o reino de Deus não é deste mundo, sigo inconformado com as injustiças da sociedade capitalista, onde só tem valor quem tem acumulado tesouro aqui na Terra. Nesta relação – homem, Deus e injustiças - entram as religiões cristãs ou não. Lendo a Bíblia tenho aprendido que Deus e Jesus Cristo sempre fizeram a opção pelos excluídos e mais pobres.
Assim, há quem diga que a religião Católica sempre optou pelos pobres e os pobres pelas religiões evangélicas. Isso tem um pouco de verdade, se considerarmos os índices que demonstram o rápido crescimento das religiões evangélicas. No censo de 2010, 64,6% da população se identificavam católicas e os protestantes evangélicos 22,2%.
Segundo o último Censo do IBGE, o número de evangélicos no país cresceu 61% em dez anos.  Segundo o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, a tendência indica que é possível que em 10 anos o Brasil não tenha mais a maioria da população católica. Os jovens têm sido mais engajados na prática religiosa do que outras gerações. 
Tenho acompanhado com muita admiração os posicionamentos da CNBB-Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, quando das Campanhas da Fraternidade, sempre focando as questões mais políticas, não partidárias, que tem afligido os mais pobres no Brasil. Neste ano de 2019 o tema é “Fraternidade e Políticas Públicas”, tendo como lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1:27).
Tenho analisado que enquanto a religião Católica centra a sua pedagogia no dogmatismo (no que se deve ser), as neopentecostais focam no caráter unitário da fé para se alcançar benefícios, desde emprego e riquezas materiais neste mundo, até a cura de doenças. Algumas até incluem práticas de curas espirituais comparadas às religiões espíritas como, por exemplo, aplicar passes e “benzer” copos de água. Tenho visto programas de TV garantindo, até, cura. Logo após, pedem doações até através dos cartões de crédito. 
Penso que, dentre outros motivos, a explosão das religiões pentecostais e neopentecostais, tem a ver com o êxodo rural, a urbanização desordenada, a quebra de vínculos familiares tradicionais, o inchamento das periferias e a massificação dos meios de comunicação. O ser humano sentindo-se deprimido procura uma religião e sempre tem um pastor ou obreiro para ouvi-lo. 
É sabido que os pontificados conservadores de João Paulo II e Bento XVI inibiram o acolhimento dos pobres pelas igrejas e perseguiram os fiéis seguidores da Teologia da Libertação, alegando ser o braço do comunismo dentro da religião. Assim, surgiu o crescimento da Teologia da Prosperidade nas religiões, com maior crescimento nas religiões evangélicas neopentecostais. 
O papa Francisco, esse homem de Deus e verdadeiramente cristão, tem contribuído para resgatar a opção pelos pobres e acabar com os preconceitos entre os fiéis. No entanto os grupos conservadores ainda são fortes na religião católica em todo mundo. 
Nos anos 70/80 o engajamento dos católicos residentes nas periferias urbanas e rurais era muito forte, acolhidos em Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e pastorais populares. Com o fim das CEBs e a ânsia de encontrar possíveis soluções para seus problemas sociais (enfermidades, desempregos, desagregação familiar principalmente nos grandes centros metropolitanos, fome, miséria, etc.) os pentecostais e neopentecostais explodiram. Enquanto isso os templos católicos passaram a ser ocupados, predominantemente, pelas classes média e rica, além da influência clerical.
Entendo que, embora o número de religiões evangélicas tenha crescido muito no Brasil, a maioria tem se distanciado da verdadeira transformação do ser humano enquanto verdadeiros cristãos. Foi muito triste ter visto nas eleições presidenciais a forte presença das religiões neopentecostais na campanha político-partidária, induzindo-os a acreditar que as soluções para os problemas sociais estavam na escolha de um “mito” ou “salvador da pátria”.
Em Mateus 25:31-46 e no Sermão do Monte, Capítulos 5 a 7, está claramente evidenciado a opção de Jesus Cristo pelos pobres. Quem não entender e não praticar esses ricos ensinamentos, com certeza não é verdadeiramente cristão. Penso, finalmente, que a religião que não acolher os pobres não é cristã. 

(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br

WALTER MIRANDA (*)



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