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01/05/2019
Dia Internacional dos Trabalhadores, dia de luto e de luta!
Em maio de 1886, na cidade de Chicago, Estados Unidos, milhares de trabalhadores foram às ruas para reivindicar a redução da jornada de trabalho de 17 para 8 horas. Para a conquista da jornada, após vários dias de intensa mobilização nacional. Na verdade a proposta da redução da jornada surgiu durante o Congresso dos trabalhadores em 1884 e só foi conquistada após a realização de uma Greve Geral no dia 1º de maio de 1886, envolvendo cerca de 340 mil trabalhadores em todo país e 12 mortes por policiais.
O Dia Internacional dos Trabalhadores em todo mundo nem sempre tem sido comemorado sem repressão policial. No dia 20 de junho de 1889, a segunda Internacional Socialista, reunida em Paris, decidiu convocar manifestações anuais com o objetivo de lutar pela jornada de oito horas de trabalho diário em todo o mundo. No dia 1º de Maio de 1891 houve uma grande manifestação no norte da França. Dispersada pela polícia, resultou na morte de 10 manifestantes.
Esse novo drama consolidou a data como o dia mundial de luta dos trabalhadores. Meses depois, em Bruxelas, a Internacional Socialista proclamou o 1º de Maio como o dia internacional de reivindicações de condições de trabalho, contra a escravidão e a exploração capitalista dos trabalhadores em todo mundo.
Em 23 de abril de 1919 o senado francês ratificou a jornada de 8 horas e proclamou feriado o dia 1º de maio daquele ano. Em 1920, a então união Soviética adotou o 1º de maio como feriado nacional, sendo seguida por alguns países.
No Brasil, após quatro meses no poder, o governo Bolsonaro vem tomando várias medidas que, na minha avaliação, não têm se voltado para melhoria da qualidade de vida da classe trabalhadora.
É cedo para avaliar o Governo, afirmam alguns brasileiros. Reconheço que quem afirma tem razão, mas quatro meses é tempo suficiente para avaliarmos as propostas, os programas, os projetos e a linha ideológica que está sendo adotada. É sabido que temos questões econômicas e sociais graves no nosso país e até agora o governo Bolsonaro não demonstrou concretamente o que tem a oferecer para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Ele continua no palanque eleitoral inventando inimigos que não existem e desconhecendo, por exemplo, que estamos no mundo da competição tecnológica e que precisamos produzir para dar emprego e prover as necessidades humanas.
Neste “Dia Internacional dos Trabalhadores” o que mais está preocupando a classe trabalhadora é o desemprego, a remuneração inadequada para a sobrevivência com dignidade, moradia para a família, saúde e educação. Infelizmente, até agora, o governo Bolsonaro não apresentou nem ao menos projetos voltados para atender os interesses dos trabalhadores. Desde o início da gestão só vemos projetos retirando direitos conquistados pela classe trabalhadora após muitas lutas, tal como a Reforma da Previdência.
Neste dia 1º de maio, “Dia Internacional dos Trabalhadores”, temos alguns dados que não nos permite comemorar, mas ir às ruas protestar. A OIT-Organização Internacional do Trabalho informou que o desemprego entre a juventude atingiu a maior taxa em 27 anos. Aproximadamente 40% dos jovens de 15 a 24 anos estão à procura de um trabalho remunerado. A taxa, segundo a OIT, é mais que o dobro da média mundial, que é 13,1%. No dia 1º de maio de 2018 o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apurou a existência de 13,7 milhões de desempregados e 27,7 milhões de desalentados e desocupados.
No setor bancário, por exemplo, um dos que mais demitiu trabalhadores nos últimos anos, os banqueiros fizeram a festa em meio às altas taxas de juros em meio à crise. Os quatro maiores bancos de capital aberto (Itaú, Santander, Bradesco e Banco do Brasil) obtiveram lucro líquido de R$ 73 bilhões em 2018.
Pelas razões acima expostas, o dia 1º de maio não pode ser um dia de festas, mas um dia de luto, pelas mortes de trabalhadores no passado, e de luta com muitos protestos em todo mundo. Pela primeira vez todas as centrais sindicais se uniram e estão fazendo atos unitários em todo Brasil. Em São Paulo, neste dia, está acontecendo um Ato Público no Vale do Anhangabaú. Só a luta muda a vida! Viva a classe trabalhadora!
(*) Walter Miranda, presidente do Sindifisco Nacional-Sindicato dos Auditores Fiscais da Receia Federal/Delegacia de Araraquara; militante da CSP CONLUTAS-Central Sindical e Popular; membro do Conselho Fiscal do Sinsprev/SP-Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Estado de SP. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br
WALTER MIRANDA (*)
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