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06/04/2019
Conservadorismo não é Palavrão
No Brasil do dissenso, em que o único e absoluto consenso é a falta de consenso, algumas discussões costumam terminar pela acusação que é quase uma ofensa: “Você é um conservador!”.
Talvez quem se porte assim não saiba exatamente o que é o conservadorismo. Seria bom ter acesso ao livro de Roger Scruton, exatamente intitulado “O que é o conservadorismo”.
A atitude conservadora é a daqueles que estão cansados da política partidária. Um dos primeiros manifestos políticos do Partido Conservador Inglês apelou para “aquela notável e inteligente classe da sociedade que está muito menos interessada nas disputas partidárias do que na manutenção da ordem e na causa do bom governo”. Paradoxal, portanto, que a aversão à política partidária desse origem a um novo partido: o Partido Conservador.
A opção por participar da política partidária derivou da percepção de que só alguém em igualdade de condições poderia resistir à sanha daqueles que viessem atropelar as estruturas e aniquilar as instituições com seus arroubos reformistas.
A sociedade livre e aberta, formada pela “maioria silenciosa”, corre permanentes riscos. Estes provêm do socialismo, conforme alertou Karl Popper no seu livro “A Sociedade Aberta e seus Inimigos”. Para o conservador, a liberdade não deve existir para maltratar, para incitar o ódio, para fazer ou tornar públicas declarações traiçoeiras, difamatórias, obscenas e blasfemas. A Inglaterra, assim como outros países civilizados, dispõe de uma lei que proíbe a produção e a distribuição de material subversivo – a lei da sedição. Lei que considera ofensiva a fomentação voluntária de ódio entre diferentes grupos da população.
A liberdade do conservadorismo puro é “uma liberdade pessoal específica, o resultado de um longo processo de evolução social, na verdade um legado de instituições, sem cuja proteção ela não poderia perdurar”, diz Scruton. Para ele “a liberdade sem instituições é cega: ela não consolida nem a continuidade social genuína, nem a escolha individual genuína. Ela não significa mais que um aceno num vácuo moral”.
Sartre afirmou: “o homem foi condenado a ser livre”. Pois liberdade significa responsabilidade. E muito pouca gente sabe disso.
(*) José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed., RT-Thomson Reuters
José Nalini (*)
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