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ARTIGOS

06/02/2019

Brumadinho destruída pelo capitalismo selvagem

Nesta quarta-feira está fazendo 11 dias que a barragem de minério de ferro da Mina do Córrego do Feijão se rompeu, no município de Brumadinho (MG). Até o momento em que eu escrevia este artigo, foram confirmadas as mortes de 134 seres humanos e 199 desaparecidos. 
Li o artigo escrito para o Informativo Eco Debate, site de informações, artigos e notícias socioambientais, publicado em 18 de março de 2009, de autoria do geólogo Dr. Raimundo Gomes da Cruz Neto, que há mais de 20 anos acompanha os empreendimentos da Vale do Rio Doce e seu histórico de depredação humana e ambiental. O que aconteceu em Brumadinho, segundo o Dr. Raimundo, foi uma “Tragédia Monitorada”, pois há anos os críticos da Vale denunciam bombas-relógios da mineração em larga escala e abusos socioambientais em todo Brasil.  
Penso que não há dúvida que este modelo de empresa, a exemplo de outras no sistema capitalista selvagem no Brasil e no mundo, interessa apenas aos acionistas e investidores e aos altos  executivos da Vale. Os acionistas e investidores estão claramente interessados na lucratividade da empresa, proporcionando-lhes vultuosos dividendos (participações nos lucros). Aos executivos interessa os altos salários. 
Como as fiscalizações das barragens são feitas pela própria empresa, ou seja, “cabrito tomando conta da horta”, os governos tem sido negligentes, não contratando fiscais do IBAMA e outros órgãos. A população tem denunciado, mas a voz autoritária da empresa com o poder que tem sobre os governos e políticos canalhas, irresponsáveis, deste país tem feito calar todas as vozes denunciantes.
Para o Dr. Raimundo, os dirigentes da Vale sabem do perigo que as barragens oferecem às populações e trabalhadores da própria empresa. No caso de Brumadinho é claro que negligenciaram na manutenção, priorizando mostrar aos investidores brasileiros e estrangeiros, o lucrativo negócio se  investirem na empresa. Assim, segundo o IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, foram destruídas 269,84 hectares de mata, o equivalente a 378 campos de futebol.
Todos viram que o governo Bolsonaro, durante a campanha e após eleito, falava o tempo todo em alterar a legislação ambiental no Brasil, objetivando dificultar o trabalho dos somente 32 fiscais do Ibama. Ele disse: “Se depender de mim, vou colocar quase em extinção o quadro de fiscais no Brasil, pois não vão ter a legislação para perturbar quem está produzindo”. Em Davos, participando do Fórum Econômico Mundial, questionado, disse que estava preocupado com o meio ambiente. 
O discurso de flexibilização da fiscalização ambiental (não cumprimento da lei) faz parte das ordens imperialistas, para ampliar o saque do petróleo, do gás, das águas, das madeiras, da bauxita, do ferro, do manganês, do ouro, quartzo, chumbo, zinco, nióbio e outros. O discurso pode até desaparecer, mas a sociedade civil organizada nunca vai esquecer das catástrofes de Mariana e Brumadinho que, penso, não serão as últimas. 
Penso que o selvagem modelo de exploração capitalista brasileiro, sob a forma de concessões para exploração mineral e agrícola, vai continuar de forma acelerada para atender a voracidade do lucro irresponsável. Um colega investidor no mercado de capitais, saiu em defesa da Vale dizendo que “quando foi privatizada por FHC produzia 32 milhões de toneladas de minério de ferro e hoje produz 380 milhões de toneladas com a vantagem, segundo ele, de praticamente tudo ser exportado, ajudando o Brasil a acumular reservas internacionais”. Vejam, leitores, que os investidores colocam o lucro em primeiro lugar, em detrimento da  preservação do meio ambiente e  da vida. 
Deixo aqui o meu agradecimento ao maravilhoso trabalho dos bombeiros brasileiros, que arriscaram suas vidas para salvar as vítimas. Por outro lado os “maravilhosos” 130 oficiais enviados pelo governo de Israel para “ajuda humanitária”, permaneceram somente quatro dias e, pelo que li, nada contribuíram.  
Penso, finalmente, que se o governo Bolsonaro não implementar ações voltadas para colocar as riquezas ambientais do Brasil em benefício da sociedade e não para um grupo pequeno de sanguessugas, teremos futuramente mais catástrofes ambientais e a barbárie. Brumadinho é o exemplo da ganância lucrativa de um capitalismo selvagem que está destruindo a fauna, a flora e o seres humanos no Brasil e no mundo.

(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br

WALTER MIRANDA (*)



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