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03/01/2019
O BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS! Parte 1
O artigo a seguir, primeira parte, será publicado por alguns jornais do interior do Estado de São Paulo.
A frase acima foi enfaticamente repetida pelo então candidato Jair Messias Bolsonaro na campanha política e eleito Presidente da República. Meia verdade. Bolsonaro tem razão quando diz que Deus deve sempre estar acima de todos, protegendo-nos da fome, da miséria, do desemprego e do desamor ao próximo, mas não pode soberbamente considerar o Brasil acima de tudo.
O temperamento de Bolsonaro lembra muito o de Collor de Mello, de Donald Trump e de Adolf Hitler. Comparado a Collor como presidente, a história parece se repetir com a diferença que à época os militares se recolheram às suas casernas e não interferiram no processo político partidário.
Em 1989, Fernando Collor de Mello, político de extrema-direita, fez campanha estratégica de marketing como “guardião moral” da nação. Focado nas questões que mais preocupavam a população, o combate à corrupção, cortes nos gastos públicos excessivos (os funcionários públicos de carreira, “os marajás” eram em parte os responsáveis) e a vertiginosa taxa de inflação. Dizia ainda que um país cristão deveria evitar a vitória do comunismo.
Com forte apoio de patrocinadores de campanha, de igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais e da TV Globo, Collor apresentou-se em uma série impactante de programas de televisão e assim foi eleito. Pouco tempo depois o caos se instaurou no país. Naquela época não existiam redes sociais nem as “fake news”, mas mesmo assim milhões de brasileiros denominados “cara-pintadas” foram às ruas pedir o “impeachment” dele que, devido à pressão popular e da mídia, renunciou em 1992. Collor errou em vários pontos, um destes, confundiu religião com política partidária.
Já nos anos 80 residia na cidade de Jundiaí onde, além de trabalhar, militava politicamente como socialista de esquerda. Por questão ideológica, não me identificava com as religiões pentecostais nem as neopentecostais, uma vez que tinham raízes em países desenvolvidos e ricos como os Estados Unidos e a Inglaterra, portanto, pregavam essencialmente a teologia da prosperidade. Aproximei-me do catolicismo, das Campanhas da Fraternidade anualmente lançadas pela religião Católica que também atuava junto aos pobres nas chamadas comunidades eclesiais de base.
O lema “Deutschland über alles” (Alemanha acima de tudo) foi adotado por Adolf Hitler, alemão nazista, principal instigador da Segunda Guerra Mundial na Europa e figura central do Holocausto. O grupo neonazista e fascista “Movimento Pátria Livre”, manifestou-se publicamente em apoio ao Bolsonaro que, segundo matéria feita pela Folha de S. Paulo, em resposta, enviou carta de solidariedade ao líder nazista Marcos Vinícius Garcia Cunha. A carta foi anexada ao processo 26863-20.2013.4.01.3800, que tramita pela 9ª Vara Federal do Tribunal Regional Federal.
Outras organizações políticas de caráter fascista e nazista, como por exemplo o (MBL) Movimento Brasil Livre e (MPL) Movimento Pátria Livre, se manifestam claramente como apoiadores da política defendida pelo presidente Bolsonaro. Penso que é democrático a existência de tais organizações, mas não dá para aceitar as manifestações de ódio e violência praticadas por eles, com caráter nazista defendendo a supremacia branca e ataques aos pobres, homossexuais e negros. Se estiver equivocado que me perdoem, mas penso que se o novo governo defende Deus acima de todos, de maneira alguma deve aceitar tais grupos.
Paro por aqui, pois penso que a leitura deve estar cansativa, mas pretendo concluir as minhas reflexões políticas sobre o atual Governo na segunda parte que será publicada no próximo dia 9.
Que Deus e Jesus Cristo nos abençoe, e abençoem o Brasil e o mundo neste ano de 2019!
(*) Walter Miranda é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da
CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve semanalmente para o DIÁRIO; E-mail: wm@sunrise.com.br
WALTER MIRANDA (*)
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