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ARTIGOS

30/12/2018

A imundície mata o Brasil

A política partidária transformada em profissão para alguns e em estratégia de empolgar o poder e nunca mais dele sair, mostrou-se frágil e levou uma sova da cidadania mais esclarecida. Esta que é capaz de enxergar os verdadeiros problemas do Brasil: educação, saúde, violência, desemprego. Quase todas essas chagas, que nos envergonham como nação e nos colocam na rabeira do mundo, têm sido relegadas pelos políticos gananciosos, egoístas e insensíveis.
Um exemplo dessa insensibilidade é a falta de atenção dos detentores do poder em relação ao saneamento básico. Se 207 milhões de brasileiros defecam diariamente – é a natureza biológica do ser humano – pelo menos 100 milhões deles não contam com rede de esgoto. As fezes são jogadas nos leitos dos rios, nos córregos e demais cursos d’água. In natura, ou seja, sem tratamento. Quando não, há fossas sanitárias feitas de forma amadorística. Sujeitas à contaminação do lençol freático.
As cem maiores cidades do país arremessam, a cada dia, mais de 2.300 piscinas olímpicas de esgoto nos rios e no mar. Por que é que se faz o exame de balneabilidade das praias? Porque a imensa maioria delas está proibida, eis que sua água apresenta coliformes fecais em quantidade altamente lesiva à saúde. 
O pior é que essa água doce contaminada é a mesma a ser tratada para servir à população que tem sede e tem necessidades de higiene. De acordo com a ANA – Agência Nacional de Águas, mais de 110 quilômetros de rios estão poluídos. Além das 2.300 piscinas olímpicas de fezes jogadas n’água, 6.000 outras são lançadas diretamente no solo. É o que diz o Instituto Trata Brasil, a partir de dados do Ministério das Cidades. 
Pouco se cuida disso, porque a população pouco esclarecida gosta de obras visíveis. Daí a preferência por metrô, por estradas, por edifícios suntuosos, em lugar de encanamento, emissários, estações de tratamento e que tais. 
Qual a consequência dessa sujeira ignorada? O Ministério da Saúde gastou em 2017 mais de cem milhões de reais com internação de enfermidades decorrentes da falta de saneamento e de acesso a água própria ao consumo. Não se ouve a OMS – Organização Mundial da Saúde, que já constatou que a cada dólar investido em saneamento básico, são economizados 4,3 dólares em custos de saúde. 
O Brasil teve condições de sucatear a Petrobrás, de enriquecer criminosos, de levar o dinheirinho suado do brasileiro – que paga impostos mais do que qualquer outro cidadão do mundo – para o exterior. Mas não aplicou aquilo que deveria no tratamento de esgoto e na ampliação da rede de água. Por sinal, vulnerável aquela já existente, pois 38% da água tratada e potável e desperdiçada no sistema, em virtude de vazamentos e por falhas na medição. 
Todos pecam por negligência em relação a um tema de extrema importância. União, Estados e Municípios. Estes, desde 2007, pela Lei 11.445, determinou que toda cidade deveria elaborar um plano de saneamento básico, com diagnósticos, metas e programas. Só depois de cumprida essa tarefa é que seriam liberadas verbas federais. Mas, como tudo no Brasil, o prazo para observância desse comando legal já foi adiado quaro vezes. De acordo com o IBGE, 60% dos municípios não fizeram esse estudo. 
Enquanto isso, a imundície mata crianças, idosos, compromete a saúde do brasileiro e impede que avancemos como Nação civilizada. Até quando?

(*) José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Uninove e Anchieta, palestrante e autor de “Ética Ambiental”, 4ª ed., RT-Thomson Reuters

José Nalini (*)



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