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ARTIGOS

26/12/2018

O viés ideológico de Jesus Cristo

Na última intervenção de despedida do senador e pastor cristão não reeleito Magno Pereira Malta, o mesmo afirmou com muita ênfase e sentimento de vingança: “...livramos o Brasil do viés ideológico desses esquerdopatas que jamais voltarão ao poder”. 
A partir de 01 de janeiro de 2019, teremos um governo que se elegeu usando permanentemente a imagem de Jesus Cristo e seus ensinamentos. O principal está em João 8:32: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!”. Com este respeitado versículo pelos cristãos, Bolsonaro conquistou muitos votos. 
O senador Magno Pereira Malta, pastor evangélico, está na militância política partidária desde o ano de 1993, quando foi eleito vereador na cidade de Cachoeiro de Itapemirim (ES), cidade natal do cantor Roberto Carlos. Posteriormente foi deputado estadual, federal e finalmente senador da República. Assim, penso que Magno Malta não pode ignorar a mais simples definição da expressão ideologia que, segundo o Google, “é um conjunto de ideias ou pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos”. Como dizer que Bolsonaro vai governar sem ideologia? 
Durante toda a campanha política, Bolsonaro dizia textualmente que “a questão ideológica é tão, ou mais grave, que a corrupção no Brasil e que teria que ser combatida”. Magno Malta disse a mesma coisa no seu pronunciamento de despedida do mandato no Senado. Entendo que Jesus Cristo, na condição de ser humano, tinha uma ideologia.  
Diante de tantos pronunciamentos dos apoiadores do futuro governo Bolsonaro ligados a religiões cristãs conservadoras e ideologicamente de direita e extrema-direita, está mais que evidente que o viés ideológico do governo será de direita e extrema-direita.
Clodovis Boff, teólogo, filósofo, escritor, católico e professor brasileiro, publicou um  artigo com o título “Atuação Política de Jesus”. Penso que seria muito pertinente, independentemente de convergir com as ideias do autor, que os(as) leitores(as) lessem o artigo, facilmente acessado pela internet, através do Google. 
Nele Clodovis afirma que “a sociedade em que Jesus viveu há mais de dois mil anos atrás, deve ser analisada a partir da economia e das relações de produção”. Em termos econômicos, segundo Clodovis, era uma sociedade pré-capitalista, transacional, substancialmente agrícola. Não era uma sociedade industrial como a nossa. 
Continua afirmando que as terras na Palestina, Judéia, Samaria, Galiléia e outras, estavam concentradas nas mãos de poucos proprietários. Dá para perceber que no fundo de muitas parábolas, há a situação do latifúndio, da concentração da propriedade da terra. A título de exemplo, Clodovis cita a Parábola dos Talentos. O grande patrão, antes de ir para a cidade, entrega os talentos, o dinheiro, para os seus servos, de maneira que esses possam produzir. (Mateus 25:14-30)
Na parábola dos vinhateiros, Jesus conta que existia uma vinha que o proprietário arrenda para que existia alguns agricultores cuidem dela e assim ela produza muito fruto. Aqui está, com certeza, o exemplo da parceiria agrícola já naquela época. Mas quando os empregados chegam para recolher os frutos, os agricultores agarram-nos, batem num, matam outro e apedrejam o terceiro (Marcos 12:1-12). Vejam que o viés ideológico mercantil de acúmulo de tesouro aqui na Terra aparece claramente neste relato de Jesus Cristo, exatamente como acontece até hoje no sistema capitalista.
Vejo que todos nas igrejas querem ser salvos por Jesus Cristo, mas poucos aceitam viver a vida que ele viveu e nos ensinou a viver. Até a família carnal de Jesus Cristo, na época, não tinha o mesmo viés ideológico dele. Em Marcos 3-21 está escrito que até os parentes, familiares de Jesus Cristo o achavam fora de si. 
Encontramos na Bíblia, que o senador e pastor Magno Malta sempre referenciou em seus pronunciamentos na tribuna do Senado, vários exemplos ilustrando, na minha humilde opinião, o viéis ideológico de Jesus Cristo enquanto ser humano convivendo, já naquela época, em uma sociedade econômica e socialmente desigual. 
Assim, entendo ser grande equívoco o futuro presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores ficarem constantemente dizendo que querem um governo sem ideologia política. 

(*) Walter Miranda é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da 
CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve semanalmente para o DIÁRIO; E-mail: wm@sunrise.com.br

WALTER MIRANDA (*)



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