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ARTIGOS

19/09/2018

O Brasil e o mundo precisa ser desarmado

O candidato a presidente da República Jair Bolsonaro vem atraindo uma parte dos seus eleitores para a proposta de liberação do porte de armas, defendendo a tese, a meu ver ilusória, de que armada a população se sentirá mais protegida. Entendo que quem deve nos proteger é o Estado, pois para isso pagamos altos tributos. O próprio Bolsonaro no dia 4 de junho de 1995 foi abordado por dois bandidos armados. Levaram a sua moto, uma Honda de 350 cilindradas e a pistola Glock calibre 380 que tinha debaixo da jaqueta. Bolsonaro, na época, em entrevista à imprensa, afirmou ter se sentido indefeso no momento do assalto.  
No ano de 2015, passados dez anos desde o referendo sobre o desarmamento no Brasil, a “bancada da bala” no Congresso Nacional, financiada pelos fabricantes de armas de fogo, propôs o debate sobre alterações na legislação para permitir novamente o armamento da população. No entanto, sem o necessário apoio, recuaram. 
Setores sérios da esquerda, dentre eles o meu partido, o PSTU, defendem o Estatuto do Desarmamento, combatendo os argumentos e declarações da “bancada da bala” que falam da posse de armas como autodefesa dos “seres humanos de bem”. Ao mesmo tempo entram em contradição ao falarem que as armas podem ser usadas, por exemplo, por fazendeiros de regiões isoladas contra trabalhadores rurais e indígenas. 
O Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal tem reivindicado o porte de armas para a categoria como instrumento de proteção em eventuais enfrentamentos com sonegadores, fraudadores, contrabandistas e até traficantes de drogas. Tenho me oposto a essa proposta. Por convicção religiosa entendo que não é a posse de uma arma que nos dará a necessária proteção à vida, mas Deus e Jesus Cristo, em quem acima de tudo confio.
No dia 24 de março deste ano de 2018, o mundo se emocionou com a marcha em Washington (EUA), liderada por adolescentes e jovens, com destaque para a estudante Emma Gonzalez (18 anos), que se pronunciou pela restrição ao porte de armas e, portanto, contra o presidente Donald Trump. “Lutem por suas vidas, antes que esse seja o trabalho de outras pessoas”, disse Emma. Os discursos foram interrompidos por seis minutos e vinte segundos, exatamente o tempo consumido no ataque a uma escola em Parkland, cidade no Estado da Flórida, matando 17 estudantes. A multidão (800 mil) sensibilizada pelas palavras de Emma acompanhou o gesto respeitoso de silêncio.
Crianças e adolescentes, entre nove e 18 anos, fizeram intervenções. Criticaram a “epidemia” das mortes por armas de fogo e afirmaram ter dado início a uma revolução contra as vendas de armas nos Estados Unidos, especialmente de armas de guerra como os fuzis automáticos AR-15. O reverendo batista Martin Luther King Jr., de quem sou admirador, foi lembrado em várias passagens, com destaque para o discurso de sua neta de nove anos, Yolanda Renne King. 
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende o armamento da população, inclusive propondo fornecer armas aos professores para que se protejam de possíveis novos ataques às escolas, se calou diante da manifestação em Washington. Em minha opinião Trump é um doente mental que precisa de tratamento psicológico. Lamentavelmente ele é membro da religião cristã Presbiteriana. 
Penso que no Brasil, se Bolsonaro for eleito, será necessário discutirmos com muita responsabilidade se a violência deve ser monopólio e privilégio do Estado opressor. A população precisa saber se os jagunços e pistoleiros que matam indígenas usam armas legalizadas. Se as chacinas contra os pretos e os pobres são feitas com armas registradas e se o porte de armas poderá impedir ou dificultar essas ações criminosas. Penso que armas, ainda que em mãos de pessoas honestas, não resolverão essas questões. 
A questão a ser debatida é se o porte de armas realmente protege a população, principalmente os mais pobres. Penso que não, pois estamos vendo o que tem acontecido no Rio de Janeiro e outras regiões, mesmo com a presença do Exército. Temos que lutar pelo desarmamento no Brasil e no mundo. Dado da ONU indicou que o gasto militar mundial em 2015 foi US$ 1,7 trilhão. O valor foi próximo ao PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no mesmo ano (US$ 1,6 trilhão). O campeão foi os Estados Unidos (US$ 596 bilhões). Enquanto isso, no mesmo ano, 32 milhões de passaram fome no mundo, principalmente na África de tantas carências. 

 

(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br

WALTER MIRANDA (*)



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