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23/05/2018
Falta de trabalho, o fator mais grave na crise econômica e social
O número de pessoas sem trabalho disparou em março, conforme dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Chegou a 27,7 milhões no último trimestre deste ano. Entende-se como pessoas sem trabalho aquele que tinha um emprego e não tem mais (desempregados), mais os que estão à procura do primeiro emprego, ou trabalho, principalmente os jovens à procura do primeiro emprego, correspondendo a 63,05% do PEA.
Entende-se como População Economicamente Ativa - PEA o quantitativo da população inserida no mercado de trabalho, a desempregada, a que está procurando alguma forma de trabalho remunerado. Neste último grupo estão os jovens à procura do primeiro emprego. Da PEA, pouco mais de 20% está no setor primário (agricultura), 21% no secundário (indústria) e 59% no setor terciário (comércio e serviços, incluindo o serviço público).
A meu ver, a concentração da maior parte da PEA no setor terciário decorre do processo de terceirização da economia, o que deve se aprofundar com a implantação da Reforma Trabalhista proposta pelo governo Temer e aprovada no Congresso em novembro de 2017. O rápido avanço da automação nos setores primário e secundário (substituição do ser humano pela máquina), provocou também o forte êxodo rural, levando a maioria da população economicamente ativa a procurar trabalho no setor de serviços e comércio.
O que mais tem me preocupado é o desemprego entre a juventude, inclusive as com educação formal, que segundo a OIT - Organização Internacional do Trabalho, atingiu a maior taxa em 27 anos. Aproximadamente 30% dos jovens de 15 a 24 anos estão à procura de um trabalho remunerado. Esta taxa, segundo a OIT, é mais que o dobro da média mundial, de 13,1%.
O atual Governo tem divulgado que o desemprego é herança das gestões petistas, principalmente do governo Dilma. Quando Dilma saiu do governo (agosto de 2016) o percentual de desempregados era de 11,8%, atingindo uma população de 12 milhões de trabalhadores. Ainda assim, o Governo atual foi capaz de piorar esses números, permitindo que chegasse os atuais 13,7 milhões de desempregados ou 27,7 milhões de pessoas sem trabalho ou subempregados.
Durante o ano de 2015 o desemprego aumentou de forma rápida, em decorrência das turbulências nas contas públicas, da alta do dólar e dos ajustes nas tarifas públicas. Surgiu a recessão impactando a taxa de desemprego. A tumultuada situação política contribuiu para o agravamento do quadro recessivo e, consequentemente, do desemprego. Em janeiro de 2013, a então presidenta afirmou: “Nós, hoje, no Brasil, vivemos uma situação especial. Nós vivemos uma situação de pleno emprego”. Na verdade, eu nunca soube que o Brasil tenha atingido o pleno emprego.
No governo Temer a crise política e social agravou-se. Não basta, a meu ver, ter ocorrido a melhora de alguns indicadores econômicos e queda dos juros ao consumidor. São necessárias reformas estruturais, especialmente no sistema financeiro. Como pode um país estimular o setor produtivo, objetivando criar emprego, remunerando generosamente as sobras de caixa dos bancos? No período de 2014 a 2017, esses gastos alcançaram quase meio trilhão de reais, conforme balanços dos bancos publicados pelo Banco Central. Essas informações estão disponíveis no site “Auditoria Cidadã.org.br”.
A ciranda financeira funciona assim: a) os bancos entregam suas sobras de caixa ao Banco Central; b) este entrega ao Bancos títulos da dívida pública; c) Na medida em que os bancos detêm os títulos, este passam a ter o direito de receber juros. Esta operação, segundo a Auditoria Cidadão da Dívida, pode durar um dia ou anos. O seu volume ultrapassa R$ 1,14 TRILHÃO e custou, no período de 2014 a 2017, R$ 449 bilhões, ou seja quase meio trilhão de reais.
O setor bancário foi um dos que mais demitiu. Lucram aumentando as tarifas apesar de a modernização tecnológica forçar os clientes se autoatenderem com o uso de celulares e computadores. No ano de 2017, segundo dados do Banco Central, os 23 bancos com ações negociadas em bolsa lucraram R$ 63,12 bilhões, alta de 12,27% em relação a 2016.
Assim, entendo que a submissão do Governo ao poder do capital, associada a alta carga tributária, são as maiores causas da crise econômica no setor produtivo e, consequentemente, no absurdo que estamos vendo, as 13,7 milhões de pessoas sem trabalho no Brasil. A falta de trabalho é, com toda certeza, o fator mais dramático da grave da crise econômica e social acentuada no desgoverno Temer.
(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br
WALTER MIRANDA (*)
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