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ARTIGOS

20/05/2018

Milícia não é polícia

Um levantamento do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro revela que em oito anos as milícias dobraram sua área de atuação no município carioca. De 2010 até hoje, o total de favelas sob o controle de grupos paramilitares aumentou de 41 para 88. O dado é reflexo da forte atuação das milícias que, assim como as facções, se impõem atualmente como uma opção de combate à insegurança frente ao decadente cenário urbano do Rio.
Há quem defenda a presença do grupo como a solução ideal para um basta na desordem urbana carioca, uma vez que o Estado se mostra cada vez mais enfraquecido com suas políticas públicas de mitigação à violência. Mas não é bem assim. Não podemos defender a atuação das milícias simplesmente como uma medida desesperadora de autodefesa cidadã.
O encantamento popular se dá porque as milícias têm uma posição, digamos assim, mais oficial sob os olhos da comunidade. Talvez não é sabido pela grande massa da livre passagem que o grupo tem nos bastidores do poder estatal, com suas equipes compostas por policiais militares aposentados e/ou expulsos, bombeiros e outros profissionais ligados a entidades de proteção civil. Esta mescla de leis próprias com mecanismos estatais cria um poder paralelo, capaz de ganhar o respeito em determinados territórios do estado do Rio de Janeiro, sobretudo, os localizados em áreas periféricas.
Engana-se quem acha que há um cunho puramente social na gestão dos grupos paramilitares nas favelas. Eles até podem garantir mais segurança à comunidade em relação a outros criminosos, como assaltantes e traficantes, mas há um preço a ser pago pelos moradores. As milícias controlam serviços, como a TV a cabo e a distribuição de botijões de gás, bem como cobram taxa aos moradores e comerciantes. Um ato rentável, que despertou o interesse escuso de várias esferas oficiais da sociedade. 
O apoio político também tem uma importante presença ao se envolver neste processo em busca de votos nestas regiões mais carentes. Juntando a fome com a vontade de comer, os políticos têm polos eleitorais estabelecidos nessas comunidades, conquistam votos de cabresto e, como forma de agradecimento, o estadista dá proteção aos criminosos.
Talvez isso explique o papel reativo das autoridades competentes para combater as milícias. Houve uma CPI isolada aqui. Algumas operações específicas quando a coisa estava muito gritante ali e, assim, seguiu o baile focando mais em ações contra as facções criminosas, tidas como não oficiais neste caso. Nada mais do que isso.
A cada dia, as milícias estão cada vez mais fortes, com muitas armas e muito dinheiro para financiar a compra de mais estrutura e o silêncio de muitos. Atualmente, mapeia-se, pela Inteligência da Segurança Pública, mais de 200 territórios espalhados por todo o Estado, onde já se falam de uma milícia pura, formada somente por agentes públicos, e de uma milícia mesclada, em que já houve o recrutamento e a junção de traficantes. Nesta última, se juntou também os modelos de captação de recursos, por meio de pedágios ilegais e do tráfico de armas e drogas.
Por isso, pense duas vezes ao defender a presença de grupos paramilitares no quadro de intervenção do Rio de Janeiro. Não sejamos vítimas da nossa afoita ignorância, mesmo vivendo em tempos vulneráveis de violência. Milícia não é polícia.

(*) Carlos Guimar é gerente de segurança corporativa da ICTS Security, empresa de consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense

Carlos Guimar (*)



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