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13/12/2017
Brasil, urgente, Lula presidente!?
Nos anos 80, milhões de trabalhadores foram às ruas e às portas das fábricas atraídos pelo discurso carismático do operário Luiz Inácio Lula da Silva, acreditando que havia surgido um “salvador da pátria” para defender os trabalhadores, principalmente a classe operária, da opressão capitalista que na época era violenta, principalmente no ABC. Da luta sindical operária surgiu o PT. Ao longo dos anos a fama do “líder” operário foi crescendo até que na eleição presidencial de 2.002 o povo escolher Lula para presidente da república.
Logo após a derrota eleitoral em 1.989, na condição de militante e dirigente do partido, testemunhei o surgimento de duas teses sobre futuras alianças eleitorais. A primeira, do grupo majoritário denominado “Articulação”, liderado por Lula, defendia alianças com outros partidos “social-democratas”, e até com a direita, para garantir a vitória eleitoral e a governabilidade. A outra corrente questionava: como fazer alianças com os patrões se os interesses, no sistema capitalista, são antagônicos? Nos anos seguintes cresceram as divergências, e muitos então filiados ao PT optaram pela formação de outros partidos.
Os 13 anos de governo petista bastaram para se confirmar a tese do segundo grupo. No entanto, os defensores da aliança dos trabalhadores com os “inimigos de classe” ainda não se deram por vencidos. Continuam defendendo a tese da governabilidade mediante alianças com todos os partidos, independentemente de afinidades ideológicas. Criticam quem discorda desta tática política, estigmatizando-os como radicais, sectários, xiitas, equivocados. Ai enquadram o PSTU, PSOL e PCB.
Michel Temer, o “ex-companheiro petista” agora estigmatizado como traidor, é a comprovação de que a aliança foi um grande equívoco. Adotando a mesma prática nas últimas eleições de, por exemplo, receber milhões de reais dos grandes patrões e empresários corruptores para as suas campanhas, continuam “não entendendo” que quem paga a banca escolher o repertório. Na última eleição municipal os trabalhadores deram o troco não elegendo petistas. Não basta eleger o Lula para presidente, se não houver uma mudança radical nas políticas econômica e social do Brasil.
O PT adotou um modelo de governo no Brasil denominado “desenvolvimentista social”, com mais presença do Estado na economia, em contraponto à política neoliberal de Estado mínimo, praticada pelo PSDB e outros partidos de direita. O problema é que, por não fazer as reformas de base, o governo central teve que buscar recursos financeiros de terceiros, endividando ainda mais o país e obrigando-se a pagar altas taxas de juros. A situação caótica da economia, com recessão e desemprego, segue se agravando no governo Temer.
Com o desprestigio do atual Governo (95% da população aprova o Fora Temer), as recentes pesquisas eleitorais colocam Lula liderando a corrida para a presidência da república. O ex-presidente alcança entre 30% e 32% das intenções de votos em sondagens para o primeiro turno das eleições de 2018. Lula conseguiu que mais de 400 intelectuais e artistas publicassem um manifesto pedindo a sua imediata candidatura. Alguns analistas políticos avaliam que trata-se de uma tática para dificultar a sua condenação nos diversos processos em que está envolvido, o que poderia dificultar a sua candidatura. Outros acreditam que Lula, mesmo preso, elegerá o novo presidente.
No início do mês de novembro, num dos discursos na caravana da campanha em Minas Gerais rumo ao Planalto, Lula disse que perdoa os “golpistas”, a meu ver inclusive Michel Temer e seu partido o PMDB. Esta manifestação tem amplo significado político, dando a linha política para que os articuladores do PT comecem a costurar alianças com os partidos que apoiaram o “impeachment” da Dilma. É o sinal de que eles querem repetir o erro de governar com e para os grandes empresários e banqueiros. Está explicado o fato do Lula ter estado totalmente ausente nas manifestações do “Fora Temer”.
Assim, militantes e simpatizantes dos PT, mesmo com esta política de desmonte dos direitos sociais pelo governo Temer, podem ir desengavetando as bandeiras, faixas e adereços do Partido em 2018, e sair às ruas de braços dados dom o PMDB e outros partidos de direita, gritando: “Brasil, urgente, Lula presidente!”
(*) WALTER MIRANDA é Presidente do Sindifisco Nacional - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal/Delegacia Sindical em Araraquara, Pós-graduado em Ciência Contábeis pela PUC/SP, militante da CSP-CONLUTAS-Central Sindical e Popular. Escreve as quartas-feiras para o DIÁRIO - E-mail: wm@sunrise.com.br
WALTER MIRANDA (*)
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