Prevenção: Psiquiatra alerta para a importância no combate ao suicídio

DA REPORTAGEM

Muito se tem falado neste mês de setembro sobre a prevenção do suicídio. O assunto ganha destaque por conta da campanha chamada de “Setembro Amarelo”. Estima-se que no Brasil 32 pessoas cometam suicídio por dia e uma tentativa de tirar a própria vida ocorre no mundo a cada 40 segundos. 
Segundo o médico psiquiatra Pedro Corazza, que atende no CAPS Penápolis, o principal fator que interfere na decisão de uma pessoa em tentar contra a vida é algum tipo de transtorno mental sofrido atrelado a um forte choque emocional. “Quando ocorre um suicídio, não se pode dizer que a pessoa morreu por causa de determinado fator, mas por conta de uma série de coisas que vinham ocorrendo e que, muitas vezes, a pessoa não consegue falar, se abrir como uma forma de desabafo e que por isso não recebe a ajuda necessária e fundamental para se evitar o pior”, disse. Por isso, o tema da campanha do Setembro Amarelo neste ano é “Falar é a Melhor Solução”. “A campanha visa alertar, não somente a necessidade da pessoa que sofre este transtorno em falar, mas da ajuda que ela poderia receber se ainda não existissem tantos tabus e preconceitos sobre o assunto”, afirmou. 
De acordo com o psiquiatra, o transtorno é algo que pode ser mudado e que a criação de políticas públicas é algo que pode ajudar a evitar que a pessoa adoeça. “Nesta semana participei de um simpósio onde o assunto foi amplamente discutido. Direcionar verbas para a criação de centro de tratamento psicológicos, passa a ser uma boa alternativa, oferecendo este tipo de tratamento para aqueles que necessitem, sempre havendo ampla discussão como forma de mostrar para a pessoa que necessita, de que ela pode contar com este serviço. Um exemplo de um trabalho como este é o próprio CAPS que temos em Penápolis”, destacou. 
Para a enfermeira do CAPS Penápolis e especialista em psiquiatria, Simone Galves Brito, é importante a criação de ações que façam com que o profissional de saúde ligado à área também receba intensas preparações para lidar com o problema que envolve, não somente a pessoa que tenta o suicídio, mas também sua família. “O suicídio ainda é encarado como um tabu. As pessoas que já tentaram, ou têm familiares que já passaram por este problema têm dificuldades em falar sobre o assunto ou de procurar ajuda, por isso é muito importante haver este trabalho de conscientização entre profissionais da saúde, oferecendo preparo para lidar e identificar certas situações. É preciso saber abordar e oferecer a ajuda correta, garantindo maior bem estar dos envolvidos durante este processo”, afirmou.

Perfil
Segundo o psiquiatra, hoje, quem mais comete suicídio são os homens. “O homem tende a ser mais fechado, de menor comunicação do que as mulheres. Além disso, ele, ao tentar o suicídio, acaba tendo mais êxito, já que ele vai mais determinado ao ato e busca maneiras mais letais para isso”, afirmou. Por outro lado, porém, as mulheres são as que mais comentem as tentativas, muitas vezes sem o êxito. Outro problema observado sobre o assunto é o envolvimento do jovem na tentativa do suicídio. “Muitas vezes ele acaba agindo por impulso, e passa por um problema e somente por aquilo, acaba tentando contra a vida. Temos notado que, muitas vezes, acabam sendo por motivos banais, como por exemplo, o término de um namoro” acrescentou. 
O maior índice de suicídios ainda acaba sendo entre idosos. “Entre aqueles com doenças crônicas. Novamente temos a necessidade de políticas públicas. Saber lidar com esta situação e oferecer ao idoso maior qualidade de vida podem ser fatores que contribuiriam para a diminuição destes índices”, afirmou. 

Amarelo
Iniciado no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2015 concentradas em Brasília. Mundialmente, o IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio estimula a divulgação da causa, vinculada ao dia 10 do mesmo mês no qual se comemora o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
A campanha visa sensibilizar e conscientizar a população sobre os altos índices de suicídio no mundo e que essas mortes podem ser prevenidas. Segundo a IASP, há 25 vezes mais tentativas. São 830 brasileiros que buscam a morte todos os dias, o que dá uma média de uma pessoa a cada dois minutos.

(Rafael Machi)