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CIDADE & REGIÃO

26/04/2018

Infecção: Morte de mulher por salmonella será investigada pela PC

Imagem/Divulgação
Detalhes Notícia
A enfermeira Seide Pereira morreu na semana passada vítima de uma infecção; família alega negligência médica

DA REPORTAGEM

A Polícia Civil de Penápolis vai investigar a morte da enfermeira Seide Goreth Rocha Pereira, de 60 anos, que faleceu na manhã do dia 17 de abril na Santa Casa de Penápolis. A filha de Seide, a professora Michela Goreth Pereira, acusa médicos do Pronto Socorro de Penápolis de negligência, já que sua mãe passou por diferentes profissionais naquele hospital e nenhum teria solicitado exames que poderiam constatar a infecção pela bactéria para o uso do antibiótico correto. Um inquérito civil já foi instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) que investiga o caso como homicídio culposo. 
A reportagem do DIÁRIO DE PENÁPOLIS conversou com a filha da vítima. Ela explicou que todo o drama começou no dia 12 de abril quando Seide teria experimentado um pedaço de melancia plantado no quintal de sua casa. Um neto dela, de 14 anos, teria colhido a fruta, que apresentava rachaduras em sua casca, mas aparentava boas condições para consumo. “Quando ela colocou um pedaço da fruta na boca, sentiu um gosto ruim e o cuspiu, não chegou a comer. O meu sobrinho comeu uma fatia e também passou mal”, disse Michela. 
No dia seguinte, Seide apresentou vômitos e diarréia, mesmo sintomas do adolescente. Ambos foram atendidos no Pronto Socorro. Segundo a família, ela foi diagnosticada com uma virose, que poderia ter sido ocasionada pela melancia. Ela e o neto foram medicados e liberados. No sábado, dia 14, Seide piorou, teve febre e dores. A família informou que ela voltou ao Pronto Socorro e que novamente recebeu atendimento médico. “Mesmo ela tendo piorado, o médico reafirmou que se tratava de uma virose, passou novamente medicação para ser tomada junto com soro, ainda no hospital, e a liberou, pedindo para que ela continuasse a tomar os medicamentos que já haviam sido prescritos por outro médico em sua primeira consulta”, afirmou Michela. 
A filha de Seide contou que a mãe só piorou no fim de semana, ficando mais fraca. “Nós ficamos mais preocupados e desconfiados de que poderia se tratar de uma infecção intestinal, pelo fato de tudo ter começado depois que ela experimentou a melancia. Foi quando retornamos ao Pronto Socorro”, disse.

Novo atendimento
Michela explicou que sua mãe passou por um terceiro profissional, desta vez uma médica. Entretanto, o diagnóstico foi o mesmo. Diante da situação, a família pediu para que a médica solicitasse exames e que Seide pudesse ser medicada com antibióticos. Entretanto, segundo a família, a médica voltou a afirmar de que se tratava de uma virose e recomendou que os medicamentos que vinham sendo tomados fossem mantidos, além de receitar soro para reidratação. Pela terceira vez, ela foi medicada e liberada.
A família revelou que na segunda-feira, dia 16, Seide ficou mais debilitada. “Ela estava muito fraca, mal conseguia falar e se levantar. Tivemos que chamar uma ambulância para levá-la ao Pronto Socorro, pois ela não tinha condições de ir de carro”, explicou Michela. 
Ao dar entrada no hospital, às 14h17, segundo o prontuário da paciente, ela passou por atendimento médico, que suspeitou que ela estivesse sofrendo de uma taquicardia, que é um aumento da frequência cardíaca. Seide foi levada para a sala de emergência do hospital, e até um eletrocardiograma teria sido feito na paciente. Exames, como de sangue e urina só teriam sido realizados neste dia. Michela explicou que sua mãe ficou no PS até o início da noite, quando foi transferida para a Santa Casa da cidade, onde permaneceria internada. “Quando ela passou por avaliação de um médico na Santa Casa, e após saber de tudo o que havia ocorrido, ele desconfiou da infecção e determinou que ela fosse internada na UTI. Os exames nem haviam ficado prontos quando o médico  transcreveu a aplicação de antibióticos para tentar reverter a situação. Infelizmente, por volta das 07h00 do dia seguinte, recebemos a notícia de que minha mãe havia falecido”, lamentou. Ainda segundo a família, os exames apontaram que a paciente estava com salmonellose, que acabou gerando uma infecção generalizada.
“O mesmo médico que atendeu minha mãe na Santa Casa, ao saber que meu sobrinho havia ingerido a melancia e que também apresentava os sintomas, apesar de sua resistência, determinou que o menino fosse internado para o tratamento com antibióticos, caso contrário ele também estaria correndo riscos”, acrescentou Michela. 

Revolta
Para ela, o sentimento é de revolta. “Minha mãe estava bem até uma semana antes, andando, conversando e forte. De repente ela estava doente, fraca, chegando a morrer. Fico revoltada porque ela passou diversas vezes pelo Pronto Socorro e nenhum médico pediu exames simples que poderiam ter constatado a infecção e ela poderia ter sido, tratada de forma correta e se recuperado”, desabafou. 
Ela usou o espaço da Tribuna Livre durante a sessão da Câmara Municipal na última segunda-feira (23) para tornar o fato público e cobrar providências dos vereadores. Eles também repercutiram o assunto. Entre os vereadores, Ivan Sammarco (PSB) lamentou o ocorrido. “Não é possível que em pleno século 21 uma pessoa morra de salmonella. Um simples exame que deveria ter sido pedido poderia ter constatado a infecção. Vamos cobrar que o caso seja averiguado e providências sejam tomadas”, destacou o vereador. 
O caso ganhou repercussão e um Boletim de Ocorrência foi registrado na Polícia Civil como homicídio culposo – quando não há intenção de matar. O fato será investigado pela DDM por meio de um inquérito. Segundo a delegada responsável, Maria Salete Cavestré Tondato, esta semana os familiares da vítima serão ouvidos. “A família deve nos apresentar cópia das fichas de atendimentos no hospital e outros documentos que embasam as acusações. Depois disso devemos ouvir médicos e outras pessoas que possam nos prestar informações sobre o caso para que, havendo a conclusão, encaminhemos o caso ao Ministério Público. A delegada ressaltou que vai aguardar para saber se será instaurada sindicância no hospital ou até mesmo pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) para apurar se houve negligência para que a sindicância seja anexada ao inquérito. A reportagem tentou contato com o CRM, mas não obteve resposta.
Em nota a Prefeitura de Penápolis informou que a partir da denúncia na Ouvidoria Municipal e do registro de boletim de ocorrência, a Secretaria Municipal de Saúde instaurou processo de sindicância para apuração dos fatos. 
A nota diz ainda que uma equipe médica do Pronto Socorro deve concluir, ainda hoje, um relatório sobre o fato, de onde mais informações poderão ser divulgadas à imprensa. 


O que é a salmonellose?

A salmonellose é uma infecção causada pela bactéria do gênero salmonella. A contaminação do paciente se dá, principalmente, através da ingestão de alimentos portadores dessas bactérias, por água imprópria para o consumo, ou pela falta de higiene de quem manipula esses alimentos. E a aparição dos sintomas (diarréia, vômito, náuseas intensas) ocorre em menos de um dia após o contato com o patógeno. O salmonellose, nos seres humanos, se apresenta geralmente como uma intoxicação alimentar, embora pode, ocasionalmente, se manifestar como uma infecção sistemática séria, que exige o tratamento rápido com antibiótico.
Ela é a que mais está presente na realidade diária dos seres humanos. Pode estar presente em vários alimentos de alto consumo como ovos e frangos. Se mal preparados, mal cozidos ou manipulados indevidamente por pessoas que não façam a higiene adequada das mãos, estes alimentos se tornam riscos potenciais à saúde de quem os consumir. Uma vez que os sintomas se apresentem, o paciente deve ser conduzido ao médico para que se faça a detecção da doença. Se ocorrer a infecção é importante avaliar a necessidade de intervir com antibióticos e soros para repor o líquido perdido através da diarréia, os sintomas e a própria infecção duram de 4 a 7 dias.

(Rafael Machi)

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