Apae busca no teatro a motivação de vida para os alunos

DA REPORTAGEM

Durante toda esta semana a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Penápolis realizou diversas atividades com seus alunos como parte da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A cada ano um tema diferente é trabalhado com os quase 400 alunos da entidade, sendo em 2013, "Desafiando os limites, diminuindo as diferenças". Para realizar atividades de incentivo com os alunos, a Apae promoveu a peça teatral "Os Saltimbancos" produzida pela professora de Artes Maria Sueli dos Santos Marques, cujos preparativos iniciaram em fevereiro. A peça é baseada no conto "Os músicos de Bremem", dos Irmãos Grimm, e readaptado para o público infantil por Chico Buarque de Hollanda, através do texto do italiano Sergio Bradotti. A apresentação narra a trajetória de um jumento, um cachorro, uma galinha e uma gata, que buscam um "mundo ideal", vencendo a intolerância, prepotência, preconceito e a piedade. "Foram meses de preparação, diversos ensaios e confecção de todos os figurinos. Durante este processo contamos com a ajuda dos próprios alunos, que se envolveram com a produção, o que nos deixou muito felizes, pois realmente vestem a camisa do teatro", comentou Sueli. Ela revelou que como o objetivo do trabalho é despertar a busca de um mundo ideal por parte dos alunos, todo o processo de produção da peça conta com o foco de fazer com que eles mesmos possam buscar vencer suas dificuldades. "Quando iniciamos o projeto pensamos no seguinte: vamos trabalhar a questão de vencer a intolerância vivida por eles mesmos, então temos que buscar meios de fazer com que eles se sintam motivados a vencer tais preconceitos e terem uma visão social diferente no seu dia-a-dia", disse. Na forma de identificarem problemas sociais onde moram, os alunos foram incentivados a buscarem, em seus bairros, problemas sociais, como o asfalto da rua até a identificação de uma família que passe por dificuldades sociais. "Após este levantamento trabalhamos formas de mostrar a quem eles podem recorrer para relatar tais dificuldades, desde autoridades competentes até entidades e instituições que podem ajudar", ressaltou Sueli. Segundo ela, o objetivo foi alcançado e o resultado surpreendente. "Os alunos se envolveram de tal forma que realizaram todo o processo corretamente, entendendo que problemas sociais existem em nossas vidas, mas que podemos vencê-los a partir do momento que tomamos a iniciativa de buscar esta vitória e com a devida ajuda ofertada", enfatizou.

Cultura e educação

Por se tratar de um projeto que também remete a cultura, os professores da Apae tiveram uma preocupação em especial, fazer com os alunos tivessem contato direto com a cultura que iriam trabalhar através do teatro. "A peça tem a cara de Chico Buarque através de músicas da MPB com uma qualidade imensurável, por isso, fizemos com que os alunos tivessem contato direto com este material, mostrando um pouco de sua própria cultura, o que gerou uma aceitação muito positiva dos alunos", disse Sueli. Até mesmo a biografia de Chico Buarque foi apresentada a eles, que após conhecerem um pouco do trabalho do cantor e compositor também trabalharam na escolha das músicas que fariam parte da peça, entre elas "A Banda". Além do teatro, os alunos da Apae também formaram o coral e uma banda, que foi responsável pela trilha sonora da peça. "Durante todo o processo de preparação trabalhamos muito em cima da educação de nossos alunos, além da responsabilidade que tinham através de seus personagens. Nosso principal objetivo é mostrar a eles mesmos de que são capazes e que podem vencer preconceitos, enfrentando seus medos de frente", destacou a professora. A coordenadora pedagógica da Apae, Roseli Granato, destacou que está muito feliz pelo projeto desenvolvido e os resultados encontrados. Ela destacou que alunos se identificaram com o tema da peça e que agora buscam esta inspiração para também vencerem suas dificuldades. "Achei muito bacana o fato de um destes alunos nos contar que os preconceitos abordados nos trabalhos são os mesmo vivenciados por ele e que tudo aquilo servia como inspiração para que ele continuasse vencendo na vida e enfrentando seus problemas de forma mais motivada", enfatizou. Segundo a coordenadora, cerca de seis mil pessoas, entre alunos de escolas da cidade e região e demais público passaram pela Apae de Penápolis para acompanhar as mais de seis apresentações feitas durante esta semana. Os organizadores aproveitaram a oportunidade para agradecer às pessoas que de alguma forma contribuíram para que o evento acontecesse. "Além dos pais que muitos nos ajudaram, também temos que agradecer ao Fabinho e o Pelézinho que ajudaram de forma voluntária nos ensaios da banda e também à Estela, que trabalhou com a coreografia", finalizou Roseli. (Rafael Machi)