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20/05/2018

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: O fim do trem

O Brasil tem dimensões continentais, mas não possui uma estrutura ferroviária compatível com o seu tamanho. No passado, é bom frisar, já teve uma malha de trilhos até razoável, mas sucessivos governos se encarregaram de sucateá-la. Contrariando o bom senso na questão de logística e de economia de tempo e dinheiro, o governo optou pelo investimento em rodovia e deu de presente aos norte-americanos toda a estrutura férrea, cujo patrimônio era enorme, num acordo para lá de suspeito. Começou então aquilo que podemos chamar de verdadeiro assalto, pois desmantelaram as construções existentes e levaram tudo o que puderam. Todas as estações ferroviárias, e olhe que eram centenas, possuíam móveis, equipamentos, e maquinários que sumiram do mapa. Os grandes entroncamentos como Bauru e Campinas tinham um grande pátio de manobra com ramais para várias partes, tanto do Estado de São Paulo como para outras regiões do país. Grandes barracões serviram de oficina de reparos e onde estavam estocados milhares de reais em máquinas, motores e centenas de outros itens valiosos, sendo que muitos destes equipamentos e peças de reposição ainda estavam encaixotados e sem uso. A cidade de Araçatuba também possuía uma oficina mecânica para consertos e revisões das locomotivas com muita ferramentaria e aparelhos de precisão e centenas de peças, sendo que muitas eram de bronze e tudo foi surrupiado pelos americanos. Por outro lado, como o sistema de segurança foi desativado e houve o sumiço de materiais por parte de ladrões comuns, catadores de sucata e até por ex-funcionários também participaram, já que do começo ao fim as linhas ficaram ao Deus dará. O pior de tudo é saber que poucas peças foram parar nas mãos de algum colecionador ou de pessoas de bom senso que as conservassem. A quase totalidade foi parar em depósito de ferro velho, vendidos como sucata a preços irrisórios. Para complicar, os donos destes depósitos são mais ignorantes do que aqueles dos quais compraram e também não sabiam do valor das peças e passaram adiante e aquilo que poderia enriquecer um museu ferroviário para lembrar e conservar na memória a grande importância que a ferrovia teve na fundação de centenas de cidades em várias partes do país, foram simplesmente derretidas. Após decorridos seis meses não havia mais o que roubar, então os americanos alegaram que o negócio não era rentável, quebraram o contrato assinado e caíram fora sem ter pagado nenhum tostão ao governo. Em minha modesta opinião, eles não pagaram nada oficialmente, mas com certeza deve ter entrado dinheiro no bolso de alguém, pois não houve nenhuma contestação governamental. Havia trens de passageiros de São Paulo para o Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Corumbá, sendo que desta cidade e através de baldeações era possível chegar à capital boliviana e talvez até ao Oceano Pacífico. Centenas de cidades eram atendidas e em muitos casos era mais rápido viajar de trem, além de ser mais barato e chic (naquela época). Havia duas categorias de vagões de passageiros, a primeira e segunda classe, sendo que uma era com assentos de madeira e outras com poltronas estofadas e em certos horários todos iam lotados. Havia também o vagão dormitório e o vagão restaurante. Mas, porque o governo acabou com a ferrovia? Dentre as suposições, a mais aceita é aquela que sugere que os políticos foram comprados e subjugados pelo “loby” da indústria automobilística, fabricantes de auto-peças, indústria petrolífera e outras. Já imaginou uma malha ferroviária com trens de carga e passageiros, tudo bem organizado, os milhares de carros, ônibus e caminhões que deixariam de circular, aliviando o trânsito nas rodovias e diminuindo os acidentes? Mas aí é que aparece que talvez seja o maior motivo deste desmanche: trem não paga pedágio e como se sabe é caro e está na mão daquela meia dúzia de mafiosos. O mesmo acontece nas grandes cidades onde o metrô não se expande e os trens suburbanos estão sempre atrasados ou quebrados, forçando a população a usar os ônibus coletivos que são insuficientes e estão sempre lotados, mas como as empresas pertencem aos amigos do rei, o povo que se dane. 

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