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13/01/2019

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

Memórias do Carboni: Canecas úteis

Nas quatro viagens de bicicleta que fiz até a cidade de Aparecida do Norte, o meu colega Bijú foi o único que me acompanhou em todas. Em cada uma delas os companheiros eram diferentes. Um detalhe comum em todas as viagens era que cada um de nós levava uma latinha de cerveja sem a tampa e transformada em caneca pendurada por um arame no guidão da bicicleta e que servia para tomarmos água nos postos de combustível ou nos riachos que encontrávamos pelo caminho. Na primeira viagem e em boa parte do trajeto, meus três colegas usavam suas canecas para guardar bitucas de cigarro que iam sendo encontradas. E essas bitucas ou guimbas eram classificadas por tamanho. As pequenas eram chamadas de 20 ou 30 por cento e as maiores de 40 ou 50 por cento. Os três eram fumantes e como eu disse em outro artigo, o Cassinho levava pouco dinheiro e o Bijú e Cirssão estavam “duros”, então a disputa era bem acirrada. As vezes eles até discutiam sobre quem tinha visto primeiro o que para eles, naquela situação, era uma verdadeira iguaria. E essa disputa se deu em boa parte da viagem, sendo que as vezes rodávamos muitos quilômetros sem encontrar um misero toco de cigarro, então meus companheiros fumavam o que tinham guardado na latinha. Apenas uma vez foi que usamos nossas canecas para uma finalidade diferente, mas isso se deu na segunda viagem, em julho de 1977, quando, além do Bijú, meus parceiros eram o Nivaldo e o Laerte. Estávamos na rodovia que liga a Marechal Rondon à cidade de Piracicaba e chegamos a ponte sobre o Rio Tietê, e, paramos para tomar água em uma mina ao lado da rodovia. Havia uma colônia de pescadores e como meus colegas estavam doidos para tomar um “tinguá”, que era como o Bijú se referia a pinga, eles entraram nessa colônia e não demorou muito para voltarem todos alegres e saltitantes, pois em uma casa tinham encontrado o que queriam. Aproveitamos para lavar algumas peças de roupa e tiramos algumas fotos com crianças que se aproximaram curiosos. Quando nos dispusemos a seguir viagem, tivemos uma decepção ao notar que o pneu traseiro da minha bicicleta estava murcho. Constatamos então que o motivo era o deslocamento de um remendo, possivelmente já antigo e não aguentara o calor do asfalto. Ao invés de tentarmos repará-lo tivemos a má idéia de acabar de descolarmos, já que era um remendo “a frio” e qual não foi nossa surpresa ao notarmos que ali não havia apenas um furo e sim um pequeno buraco na câmara de ar. Gastamos o meio tubo de cola que nos restara e nada de obtermos bons resultados, pois ali só mesmo uma vulcanização seria a solução. O dia já estava no fim e nós não tínhamos noção a que distância estaria o próximo posto de combustível. Havia a alternativa de passar a noite ali, pois tínhamos barraca, comida e água, mas resolvemos seguir adiante e por isso não podíamos ficar conversando muito. A minha bagagem foi repartida entre meus três colegas e o Bijú e o Nivaldo foram na frente a procura de um posto, enquanto eu e o Laerte ficamos para trás, andando devagar e empurrando nossas “magrelas”. Já estava bem escuro, quando divisamos o vulto do Bijú com sua camiseta branca, retornando com boas notícias, dizendo que logo a frente havia um posto de combustível e cuja borracharia funcionava 24 horas. Isto nos animou e dentro de pouco tempo a câmara de ar já estava vulcanizada e a bicicleta em forma novamente. Me lembro que na televisão do restaurante estava passando o jogo entre Brasil e Bolívia, pelas eliminatórias da Copa de 1978, com a vitória do Brasil por 5 a 0. Armamos a barraca e passamos a noite ali e no dia seguinte bem cedo já estávamos pedalando. Chegamos a cidade de Águas de São Pedro e entramos em um mini-mercado para comprar mistura, já que a hora do almoço estava próxima. Quando eu digo mistura eu quero dizer lingüiça. Quando saímos vimos que em cima do muro de uma casa ao lado, havia um caldeirão com leite (naquela época era comum esse tipo de entrega de leite) e não me lembro quem foi o primeiro a fazê-lo, só sei que daí a pouco todos nós já tínhamos enfiado nossas canecas no caldeirão, montamos nas bicicletas e tomamos o leite um pouco distante do local. Vale dizer que na pressa pegamos meia caneca ou menos cada um. O almoço foi feito a beira de um riacho e a sombra de um bambuzal. Após comer e descansar um pouco partimos rumo a Piracicaba. Na foto a parada no Rio Tietê. 

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